China coloca em operação seu primeiro projeto de bio-metanol em larga escala
Iniciativa marca avanço estratégico do país em combustíveis limpos e aponta solução viável de descarbonização para a indústria naval global
247 – A China colocou oficialmente em operação plena, nesta semana, seu primeiro projeto de bio-metanol em larga escala, ampliando de forma estratégica sua atuação no setor de combustíveis limpos e avançados. A informação foi divulgada pela emissora estatal China Central Television (CCTV) e publicada pelo Global Times, destacando o potencial da iniciativa como uma solução prática de descarbonização para a indústria global de transporte marítimo.
Localizado em Zhanjiang, na província de Guangdong, no sul da China, o projeto representa uma extensão da estratégia energética chinesa, que passa a incorporar, além do hidrogênio, combustíveis líquidos avançados de baixo carbono. A primeira fase da planta já conta com capacidade anual de produção de 50 mil toneladas de metanol verde, com nível de pureza que chega a 99,9%, segundo o relatório da CCTV.
O bio-metanol produzido poderá ser amplamente utilizado como combustível marítimo sustentável, além de aplicações nos setores farmacêutico, químico e em outras indústrias. De acordo com a reportagem, trata-se atualmente da alternativa de combustível sustentável com maior potencial de redução de carbono e maior competitividade para o setor naval.
O coração tecnológico da planta é a chamada “ilha de gaseificação”, uma estrutura de grande porte, em tons azul-acinzentados, onde resíduos de biomassa — como cascas de árvores e palha agrícola — passam por um processo de gaseificação em temperaturas superiores a 1.000 graus Celsius. Esse processo gera monóxido de carbono e hidrogênio, insumos essenciais para a produção do metanol.
Dentro do sistema, há ainda um equipamento descrito como um “super aspirador”, capaz de filtrar mais de 99% da poeira gerada durante o processo produtivo. Os resíduos remanescentes podem ser reaproveitados como matéria-prima para setores como a indústria cimenteira, conforme destacou a CCTV.
Segundo Ren Jian, engenheiro-chefe da CIMC Green Energy Low Carbon Technology Co, empresa responsável pelo desenvolvimento do projeto, o impacto ambiental positivo é significativo. Ele afirmou que “em comparação com combustíveis fósseis tradicionais, como carvão e petróleo, o metanol pode reduzir as emissões de dióxido de carbono em até 85% ao longo de todo o seu ciclo de vida”.
Além da produção, o projeto estruturou o primeiro ecossistema integrado de “produção-armazenamento-transporte-aplicação” de metanol verde no sul da China. No terminal de águas profundas do porto de Zhanjiang, foram instalados tanques de armazenamento com capacidade de 30 mil metros cúbicos, além de berços de carga e descarga que permitem um ciclo fechado de uma hora entre produção, armazenamento e transporte.
A infraestrutura também viabilizou uma rede de abastecimento naval com entrega no mesmo dia na Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, posicionando Zhanjiang como o ponto doméstico mais próximo da China para a exportação de metanol verde a portos internacionais, como o de Singapura. De acordo com a reportagem, essa logística integrada reduz de forma significativa a pegada de carbono do transporte do combustível, garantindo operações de ponta a ponta alinhadas aos princípios de baixo carbono e sustentabilidade.




