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"O fascismo está espalhado por toda a parte", diz João Cezar de Castro Rocha

Professor aborda a psique contemporânea e seus impactos na política, em debate na TV 247

João Cezar de Castro Rocha (Foto: Reprodução)

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247 – No programa Revolução Molecular, transmitido pela TV 247 neste fim de semana, o professor João Cezar de Castro Rocha trouxe reflexões instigantes sobre temas como fascismo, desejo, psique contemporânea e os impactos das novas tecnologias. O debate, que incluiu as participações da apresentadora Valéria Marchi e da convidada Mônica Silva, foi uma análise profunda do estado social, político e psicológico do Brasil às vésperas das eleições.

Logo no início, Valéria comentou sobre a peça "Hamlet", da qual João Cezar havia assistido recentemente em São Paulo. "Eu assisti o espetáculo e o achei absolutamente notável", afirmou o professor. Segundo ele, a adaptação brasileira, que se passa no pós-golpe da ex-presidente Dilma Rousseff, é ainda mais radical e contemporânea que a versão original do dramaturgo Heiner Müller, trazendo à tona questões políticas e sociais pertinentes, como o feminicídio.

As questões do desejo e da subjetividade moderna

Durante o programa, João Cezar destacou o impacto das novas tecnologias na subjetividade moderna, chamando a atenção para a aceleração do tempo e para a "economia da atenção" presente nas plataformas digitais. Para o professor, o imediatismo promovido pelas redes sociais está desintegrando a experiência erótica e aprofundando o abismo entre o desejo e a realização. Ele destacou: "Praticamente não há mais condição de erotismo na sociedade contemporânea, pois o erotismo supõe a suspensão do desejo. O tempo acelerado impede essa suspensão".

Fascismo, política e o fenômeno Pablo Marçal

Em uma das análises mais impactantes do debate, o professor fez uma reflexão sobre o fascismo contemporâneo, inspirado pelas ideias de Félix Guattari. Ele destacou que "o fascismo está espalhado por toda parte", manifestando-se de maneira constante na vida cotidiana, principalmente com a crescente violência e desumanização vistas no cenário político. Segundo João Cezar, figuras como Pablo Marçal representam uma "colonização da política pela economia da atenção", onde o comportamento escandaloso e as ações violentas ganham visibilidade e sucesso nas plataformas digitais.

O professor também ressaltou a importância da ação das instituições, como o Tribunal Superior Eleitoral, para coibir esse tipo de comportamento. "Precisamos de um superego coletivo para lidar com o excesso de id de figuras como Pablo Marçal", afirmou, referindo-se ao desrespeito às regras e à crescente violência simbólica observada nas campanhas eleitorais.

O poder do teatro e da arte no contexto atual

Valéria aproveitou o espaço para falar sobre o papel da arte como militância e resistência. Na peça "Hamlet", a personagem Ofélia, que no texto de Heiner Müller sobrevive no final, protagoniza um dos momentos mais marcantes da adaptação ao arrancar suas ataduras e proclamar-se contra o feminicídio. "A Ofélia recusa-se à morte e transforma sua resistência em uma denúncia contra o feminicídio", explicou João Cezar.

O professor elogiou a coragem do grupo teatral por abordar temas tão relevantes e urgentes, associando o espetáculo ao contexto político brasileiro atual. Ele concluiu: "A peça termina convocando o público para a ação: 'O resto não pode ser silêncio', e isso dialoga diretamente com a realidade que estamos vivendo".

Reflexões finais

Com as eleições se aproximando, o debate no Revolução Molecular trouxe uma visão crítica e reflexiva sobre os desafios enfrentados pela sociedade brasileira, tanto no campo político quanto psíquico. A necessidade de repensar a subjetividade em tempos de hiperconectividade, o papel das instituições e a resistência por meio da arte foram alguns dos pontos centrais abordados no programa.

O público foi incentivado a refletir sobre o poder das tecnologias e as influências do fascismo em nossas vidas cotidianas, enquanto a peça de Valéria foi destacada como uma poderosa forma de denúncia e resistência. Como João Cezar de Castro Rocha bem pontuou: "O futuro da nossa democracia depende da nossa capacidade de enfrentar essa espiral de violência simbólica e física".

O programa é uma convocação à ação e ao pensamento crítico, algo necessário em tempos tão turbulentos. Assista:

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