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      Tarifaço de Trump trará uma nova Grande Depressão? Analistas respondem

      Medidas unilaterais do presidente dos Estados Unidos reacendem temores de colapso global e aceleram processo de dedolarização

      (Foto: Reprodução | REUTERS/Kevin Mohatt)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Um novo pacote tarifário anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está provocando uma onda de instabilidade nos mercados internacionais e reacendendo temores de uma nova Grande Depressão global. A análise foi publicada pela agência Sputnik International em 7 de abril, com especialistas alertando para paralelos históricos alarmantes entre o cenário atual e o colapso econômico que assolou o planeta nos anos 1930.

      Para o economista Alasdair Macleod, a semelhança com a crise de 1929 é inquietante: “Estamos no topo de uma enorme bolha de crédito e dívida. E isso é muito, muito semelhante à situação do final dos anos 1920”. Macleod relembra que, em 1930, a Lei Tarifária Smoot-Hawley, sancionada pelo então presidente Herbert Hoover, impôs tarifas mínimas de 20% sobre todas as importações, o que aprofundou dramaticamente os efeitos da crise financeira. “Foi a combinação da bolha de crédito com os efeitos das tarifas que levou ao colapso do mercado de ações e à Grande Depressão”, afirmou. Segundo ele, a situação atual pode ser ainda mais grave: “A bolha é muito maior e as tarifas de Trump são mais severas, além de se sobreporem a tarifas já existentes”.

      Mercados instáveis e expectativa por intervenção

      O economista-chefe da ADM Investor Services, Marc Ostwald, afirmou que os mercados estão à espera de algum tipo de intervenção capaz de conter a volatilidade, seja por parte dos grandes bancos, do Federal Reserve ou do próprio governo Trump. “Cada rali de alta, por mais forte que seja – e os ralis em mercados de baixa costumam ser intensos – é seguido por uma nova onda de vendas, o que indica que investidores continuam buscando saída das posições”, avaliou.

      Ostwald observa que não há indícios de que Trump esteja disposto a recuar, enquanto o Fed se mostra dividido sobre qual ameaça é mais urgente: a inflação ou a paralisia da atividade empresarial. “A dúvida é se o risco maior está na alta dos preços ou no colapso das encomendas, demissões e fechamento de empresas”, destacou.

      Acelerando a dedolarização e redesenhando o tabuleiro global

      O analista financeiro Paul Goncharoff aponta para uma transformação profunda na ordem econômica internacional. “Podemos esperar que a turbulência continue, mesmo com os mercados se acostumando a esse cenário como o novo normal”, afirmou. Ele acredita que a inflação global e uma recessão generalizada são inevitáveis, além de prever uma substituição do dinheiro fiduciário por ativos tangíveis e uma intensificação do processo de dedolarização.

      Segundo Goncharoff, “existem dois jogadores na mesa principal: China e Estados Unidos. Os demais países são importantes, mas secundários. Estamos assistindo ao redesenho do mundo geopolítico e econômico em questão de dias, não décadas”. Sobre o tarifaço, ele concorda com a metáfora usada por Trump: “Ele chama as tarifas de ‘remédio’, e talvez seja uma analogia adequada. Mas se realmente curam a ‘doença’, ainda é uma pergunta em aberto”.

      Reações internas: do empresariado ao lobby corporativo

      O tarifaço de Trump também está gerando forte reação dentro dos Estados Unidos. Reportagem da revista Fortune revelou que a poderosa Câmara de Comércio norte-americana considera processar o governo para barrar a entrada em vigor das novas tarifas, alegando abuso de poderes emergenciais. Grandes corporações filiadas à entidade estariam pressionando por essa iniciativa judicial, e outras organizações podem se juntar à ação.

      De acordo com o Washington Post, o empresário Elon Musk, que atualmente chefia o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), fez um apelo direto a Trump no fim de semana para reconsiderar as medidas. Em paralelo, Musk fez críticas públicas ao assessor comercial Peter Navarro e defendeu a criação de uma área de livre comércio com a União Europeia, indo na contramão da postura protecionista da Casa Branca.

      Promessas de arrecadação e ameaça de escalar o conflito

      A ordem executiva assinada por Trump no dia 2 de abril prevê tarifas “recíprocas” de no mínimo 10% sobre importações, chegando a 20% no caso de produtos da União Europeia. O presidente afirma que a medida poderá gerar entre 6 e 7 trilhões de dólares em receita para o Tesouro. No entanto, na segunda-feira, ele já ameaçava elevar as tarifas para até 50% sobre produtos chineses, caso Pequim mantenha suas medidas retaliatórias.

      Diante do agravamento das tensões comerciais, analistas alertam que a estratégia tarifária de Trump pode não apenas fracassar em seus objetivos, mas também precipitar uma nova crise sistêmica global, com consequências imprevisíveis para a economia mundial. A história, ao que tudo indica, está perigosamente próxima de se repetir.

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