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Trump ameaça processar a BBC por US$ 1 bilhão

Presidente dos EUA acusa a BBC de distorcer discurso e exige “retratação completa e justa” para não enfrentar processo de US$ 1 bilhão

Presidente dos EUA, Donald Trump 07/10/2025 (Foto: Evelyn Hockstein/Reuters)

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou processar a emissora britânica BBC após afirmar que um documentário do canal público teria manipulado um de seus discursos. A equipe jurídica do republicano deu prazo até 14 de novembro para que a emissora faça uma “retratação completa e justa” ou enfrente um processo de 1 bilhão de dólares — o equivalente a cerca de R$ 5,6 bilhões.

De acordo com a BBC News Brasil, a polêmica surgiu após um memorando interno vazado apontar problemas editoriais na emissora, entre eles a suposta edição de um discurso de Trump no programa Panorama, exibido originalmente em outubro de 2024. O material teria unido dois trechos separados de uma fala feita em 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, sugerindo que o presidente incitava seus apoiadores à violência.

Crise e renúncias na emissora

A controvérsia levou à renúncia da diretora de notícias, Deborah Turness, e do diretor-geral, Tim Davie. Turness negou qualquer parcialidade e declarou que “erros acontecem, mas os jornalistas da BBC são pessoas trabalhadoras que se esforçam pela imparcialidade.” Davie também se pronunciou, afirmando que “a BBC cumpre sua missão, mas alguns erros foram cometidos — e, como diretor-geral, tenho de assumir a responsabilidade final.”

BBC admite falha em documentário

O presidente da emissora, Samir Shah, reconheceu que houve um “erro de julgamento” na produção e que a edição do discurso “transmitiu a impressão equivocada de um chamado à ação”. Shah se desculpou e afirmou que o caso já havia sido debatido em janeiro e maio de 2025 pelo Comitê de Diretrizes e Padrões Editoriais da BBC.

Segundo ele, o objetivo da edição era “ajudar o público a compreender o contexto do momento”, mas admitiu que, “com o benefício da retrospectiva, teria sido melhor tomar uma medida mais formal.”

Trump fala em difamação e exige compensação

Na carta enviada à BBC, o presidente estadunidense acusou a emissora de divulgar “declarações falsas, difamatórias e enganosas” sobre ele. O advogado de Trump, Alejandro Brito, também acionou a legislação da Flórida, alegando difamação e exigindo que a emissora “compense adequadamente” o líder americano.

Polêmica amplia críticas internas

O caso ganhou proporções maiores após a divulgação de um memorando de Michael Prescott, ex-assessor do comitê de padrões editoriais da BBC, que apontava “viés anti-Trump e anti-Israel”, além de críticas à cobertura da guerra entre Israel e Gaza e a temas de identidade de gênero.

Prescott também mencionou o serviço BBC Arabic, acusando-o de “problemas sistêmicos de imparcialidade”. Shah respondeu afirmando que todas as questões levantadas estão sendo tratadas com “ações disciplinares e revisões editoriais”, e rejeitou a alegação de um viés institucional.

Reações políticas no Reino Unido

Ainda conforme a reportagem, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse não acreditar que a BBC seja “institucionalmente tendenciosa”, negando ainda as acusações de corrupção feitas por Trump. Já a líder conservadora Kemi Badenoch afirmou que “existem questões sérias a serem respondidas há muito tempo dentro da BBC”.

O líder dos Liberal Democrats, Ed Davey, acusou o presidente estadunidense de querer “destruir a BBC e tomar nosso dinheiro”, enquanto Nigel Farage revelou ter conversado com Trump, dizendo que o republicano questionou: “É assim que vocês tratam seu melhor aliado?”

Histórico de embates com a imprensa

Donald Trump mantém um longo histórico de confrontos com veículos de comunicação. Em julho, a CBS News e sua controladora, a Paramount, concordaram em pagar 16 milhões de dólares (cerca de R$ 90 milhões) após o republicano acusar a emissora de editar de forma enganosa uma entrevista com a então vice-presidente Kamala Harris. Outros meios, como The New York Times, CNN e Des Moines Register, também já enfrentaram ações movidas por Trump. 

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