BNDES financia primeira frota de caminhões a biometano com recursos do Fundo Clima
Aporte de R$ 432 milhões impulsiona descarbonização da coleta de resíduos em São Paulo
247 - O BNDES aprovou o primeiro financiamento do Fundo Clima destinado à aquisição de caminhões movidos a biometano, marcando um novo passo na estratégia de descarbonização do transporte de cargas no país. A informação foi divulgada originalmente pela Folha de S.Paulo e confirma a aposta crescente no biocombustível produzido a partir de resíduos urbanos e dejetos animais.
Segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, o contrato, firmado na terça-feira (18), totaliza R$ 432 milhões e foi assinado com a Loga (Logística Ambiental de São Paulo), empresa do Grupo Solvi responsável pela coleta de resíduos na zona noroeste da capital paulista. Trata-se do maior investimento já realizado pelo banco no setor de resíduos sólidos.
O financiamento prevê a compra de 84 caminhões movidos a biometano, além de aportes em infraestrutura operacional e geração de energia limpa. Os recursos virão do Fundo Clima, do Finem e da primeira operação do Eco Invest — programa federal voltado à bioeconomia e à indústria verde. Parte do montante será levantada por meio de debêntures incentivadas, coordenadas pelo próprio BNDES.
A operação permitirá à Loga construir uma nova unidade de transbordo no Jaguaré, modernizar a estrutura da Ponte Pequena e ampliar a garagem e os equipamentos utilizados diariamente na coleta de 6 mil toneladas de resíduos. A empresa também instalará uma usina solar de 2,5 MW para reduzir a dependência da rede elétrica convencional.
A adoção de frotas movidas a biometano avança como tendência entre empresas que buscam reduzir emissões. O combustível, obtido a partir de lixo ou resíduos orgânicos, pode diminuir em até 90% as emissões de gases de efeito estufa quando comparado ao diesel.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou, em nota, que o projeto tem potencial para transformar o setor. “O maior projeto do BNDES de financiamento para gestão de resíduos sólidos urbanos impulsiona a economia circular na cidade de São Paulo e contribui com a descarbonização a partir de recursos do Eco Invest, programa do governo do presidente Lula voltado para a bioeconomia e indústria verde”.
A linha do Fundo Clima para financiar frotas menos poluentes foi autorizada em julho, quando o biometano passou a integrar o Plano Anual de Aplicação dos seus recursos. O fundo conta com R$ 11,2 bilhões disponíveis, com taxas de 6,5% ao ano, mais 1,3% referente à remuneração do BNDES. A medida busca diversificar o uso dos recursos, hoje concentrados em projetos de energia renovável — área em que o Brasil já possui matriz predominantemente limpa.
O setor de transportes é responsável por pouco mais de 10% das emissões nacionais e tem o desafio particular de avançar na descarbonização de veículos pesados.



