CNPC assegura que China compra gás liquefeito russo somente para satisfazer demanda interna
Petroleira chinesa classificou como "rumor" relato de que estaria comprando GNL russo para depois vendê-lo à Europa, que atravessa uma crise energética e paga preços exorbitantes
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Leonardo Sobreira, de Pequim (247) - Em meio a relatos de que a China estaria comprando gás natural liquefeito (GNL) da Rússia para depois vender o produto à Europa, que atravessa uma forte crise energética, a Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC) assegurou que a cooperação com Moscou serve apenas para satisfazer a demanda interna da China.
A crise energética na Europa foi ocasionada pela onda de sanções anti-Rússia após o início da 'operação militar especial' na Ucrânia. Desde então, a Gazprom, estatal russa de gás natural, cortou drasticamente os níveis de fornecimento a seus clientes europeus.
A Gazprom passou então a concentrar-se em intensificar os fluxos de gás a outros clientes, em especial a China, que aumentou suas importações de GNL russo aos maiores níveis desde 2020. Segundo a agência Bloomberg, a China obtém o insumo pela metade do preço, mas os lucros são garantidos devido à alta drástica nos preços.
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"A medida é benéfica para ambos os países --a China é capaz de garantir um fornecimento mais barato e revender remessas de exportadores mais caros para serviços públicos na Europa e na Ásia, enquanto a Rússia pode continuar vendendo combustível com lucro", escreveu a agência, em 8 de setembro. Em 2022, empresas chinesas venderam 4 milhões de toneladas de GNL nos mercados internacionais em resposta à alta na demanda.
No entanto, algumas outras mídias sugeriram que a China estaria vendendo à Europa não o GNL excedente, e sim as importações russas.
Em relação a esses relatórios em particular, Li Qiang, vice-diretor geral executivo do Departamento Internacional da CNPC, os classificou como "rumores".
"Temos uma cooperação muito boa com nossos colegas russos. Assinamos acordos entre os dois governos. Segundo esses acordos, nós realmente compramos GNL da Rússia", disse o executivo a jornalistas em Pequim.
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"[Mas] a China é, na verdade, um país com escassez de gás. Temos um grande mercado consumidor, então não seria sábio comprar o GNL e o vender ao mercado europeu. Temos que primeiro satisfazer o nosso próprio mercado".
Paralelamente à importação de GNL, a China busca satisfazer sua grande demanda interna através de gasodutos de origem russa. A Gazprom e a CNPC assinaram em 2014 um acordo de US$ 400 bilhões por 30 anos para construir o Power of Siberia. A infraestrutura, lançada em 2019, deve fornecer à China até 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano até 2025, quando atingirá capacidade total.
Moscou e Pequim também avançam na construção do gasoduto Power of Siberia 2, que fornecerá até 50 bilhões de metros cúbicos de gás natural anualmente para a China, aproximadamente a mesma quantidade que teria sido transportada da Rússia para a Alemanha via Nord Stream 2. O projeto começou em setembro de 2020, e o gasoduto cortará a Mongólia.
O projeto do Nord Stream 2, que custou US$ 11 bilhões, foi paralisado por Berlim em razão da 'operação militar especial' na Ucrânia. O gasoduto, assim como o Nord Stream, sofreu um ato de sabotagem na semana passada.
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