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Enviado de Trump à Groenlândia tenta mascarar projeto expansionista

Representante do governo dos EUA fala em ouvir a população local enquanto reforça visão colonialista sobre território estratégico no Ártico

Groenlândia (Foto: Reuters)

247 - A estratégia do governo dos Estados Unidos em relação à Groenlândia voltou ao centro do debate internacional após declarações do enviado especial nomeado pelo presidente Donald Trump. Ao defender o que chamou de negociações diretas com a população local, o representante americano buscou apresentar uma imagem de diálogo, ao mesmo tempo em que reforçou um projeto marcado por interesses geopolíticos e uma visão expansionista sobre o território ártico.As declarações foram divulgadas pela CNN Brasil e ocorreram durante entrevista do governador da Louisiana, Jeff Landry, ao programa The Will Cain Show, da Fox News. Landry foi designado no domingo (21) por Trump como enviado especial para a Groenlândia, em meio a críticas da Dinamarca e de autoridades groenlandesas às intenções de Washington na região.

Questionado sobre como lidaria com a resistência do governo dinamarquês ao envolvimento dos Estados Unidos no território, Landry afirmou que o diálogo não deveria ter como foco Copenhague. “Nossas discussões devem ser com as pessoas que vivem na Groenlândia, os groenlandeses”, declarou. A fala foi apresentada como uma defesa do protagonismo da população local, mas ocorre em um contexto de pressão diplomática e interesses estratégicos explícitos dos Estados Unidos.

O enviado especial tentou reforçar esse discurso ao levantar supostas demandas não atendidas pelos atuais arranjos políticos da ilha. “O que eles buscam? Que oportunidades lhes foram negadas? Por que não receberam a proteção que realmente merecem?”, afirmou Landry. A retórica sugere uma promessa de consulta popular que, segundo críticos, funciona como elemento demagógico para suavizar uma abordagem de caráter colonialista.

As declarações de Landry vieram um dia após Donald Trump reiterar publicamente o interesse americano na Groenlândia. Na segunda-feira (22), o atual presidente dos Estados Unidos afirmou que o país “precisa da Groenlândia” por razões de segurança nacional, minimizando o papel dos recursos naturais e reforçando o valor estratégico da ilha no Ártico.

O posicionamento de Washington tem provocado reações duras da Dinamarca, que convocou o embaixador dos Estados Unidos, e de lideranças groenlandesas, que rejeitam qualquer tentativa de ingerência externa. Ainda assim, o discurso de ouvir o povo local passou a ser utilizado como peça central para tentar legitimar um projeto que amplia a presença americana em uma região historicamente sensível do ponto de vista da soberania internacional.

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