EUA abrem investigação sobre tarifas chinesas antes de encontro entre Trump e Xi
Inquérito pode reacender tensões comerciais entre Washington e Pequim dias antes da reunião entre o presidente dos EUA e o líder chinês
247 - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu nesta sexta-feira (24) uma nova investigação sobre o cumprimento do acordo comercial de “Fase Um” firmado com a China em 2020. A apuração pode resultar em novas tarifas sobre produtos chineses e reacender tensões entre as duas maiores economias do mundo, poucos dias antes do aguardado encontro entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, que ocorrerá na próxima quinta-feira, na Coreia do Sul.
A informação foi divulgada pela Bloomberg, que destacou que a investigação, conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), analisará se Pequim cumpriu integralmente os compromissos assumidos no acordo de 2020, além de avaliar “o impacto econômico de qualquer descumprimento e as medidas que poderão ser tomadas em resposta”, segundo comunicado oficial do órgão.
Investigação pode abrir caminho para novas tarifas
A apuração será conduzida com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, instrumento que permite à administração norte-americana ajustar importações de países considerados praticantes de comércio desleal. Essas investigações costumam se estender por meses, mas servem como base legal para que o presidente imponha tarifas de forma unilateral.
Durante seu primeiro mandato, Trump firmou o acordo de “Fase Um” com a China, no qual Pequim se comprometeu a ampliar significativamente as compras de produtos agrícolas norte-americanos. O tema voltou ao centro das discussões neste ano, diante de novas disputas comerciais entre os dois países.
Reações de Pequim e dados do setor agrícola
Em resposta à nova ofensiva de Washington, o porta-voz da embaixada chinesa nos EUA, Liu Pengyu, afirmou na plataforma X que a China “honrou escrupulosamente o Acordo Econômico e Comercial da Fase Um”, enquanto os Estados Unidos “falharam em cumprir suas próprias obrigações”. Liu também citou um livro branco publicado por Pequim em abril, no qual o governo chinês detalha as ações implementadas desde 2020.
No entanto, um estudo encomendado em 2024 pela Associação Nacional dos Produtores de Milho e pela Associação Americana da Soja indicou que a China “ficou aquém” do compromisso de comprar US$ 80 bilhões em produtos agrícolas norte-americanos entre 2020 e 2021. Segundo o levantamento, o valor efetivamente adquirido foi de US$ 59,2 bilhões — resultado atribuído, em parte, a dificuldades logísticas provocadas pela pandemia de Covid-19.
Escalada de tensões comerciais
Desde o retorno de Trump à Casa Branca, a guerra comercial entre Washington e Pequim voltou a se intensificar, mesmo após uma trégua temporária que havia reduzido tarifas para permitir novas negociações. Esse acordo expira em meados de novembro, e a expectativa é que o novo inquérito aumente a pressão sobre a China.
Nos últimos meses, o governo norte-americano impôs restrições adicionais à exportação de tecnologias sensíveis, enquanto Pequim reagiu limitando o envio de minerais raros essenciais aos setores de energia, semicondutores e transporte. Trump também ameaçou aplicar uma tarifa adicional de 100% a partir de 1º de novembro caso a China não recue nas restrições sobre esses minerais.
A disputa já afetou o setor agrícola dos EUA, especialmente os produtores de soja, que enfrentam a redução das exportações para o mercado chinês. Ainda assim, o presidente norte-americano afirmou estar confiante em alcançar um novo entendimento com Xi Jinping, reacendendo expectativas para a reunião da próxima semana.



