EUA incluem empresa taiwanesa em lista de sanções de tecnologia e escalam tensões
Medida visa impedir que tecnologias sejam utilizadas para 'fins militares por adversários'; histórico de tensões cresceu desde eleição de Trump em novembro
247 - O Departamento de Comércio dos EUA anunciou na terça-feira (25) a inclusão de aproximadamente 80 entidades em sua "lista de entidades", que impõe restrições à exportação de produtos e tecnologias americanas. Entre as empresas adicionadas está a subsidiária taiwanesa do Inspur Group, líder chinês em computação em nuvem e serviços de big data. A decisão foi divulgada pela agência Reuters.
As subsidiárias do Inspur foram listadas por contribuírem para o desenvolvimento de supercomputadores destinados ao uso militar pela China, alegou o governo norte-americano.
O próprio Inspur Group já havia sido incluído na lista em 2023. Com essa medida, empresas americanas ficam proibidas de fornecer bens ou serviços a essas entidades sem uma licença específica, que, na maioria dos casos, é negada.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou: "Não permitiremos que adversários explorem a tecnologia norte-americana para reforçar suas próprias Forças Armadas e ameaçar vidas americanas".
A lista de entidades adicionadas inclui mais de 50 empresas sediadas na China, além de outras localizadas em Taiwan, Irã, Paquistão, África do Sul e Emirados Árabes Unidos. Entre as companhias chinesas afetadas estão seis subsidiárias do Inspur Group, já alvo de sanções anteriores, além da Academia de Inteligência Artificial de Pequim (BAAI), organização privada sem fins lucrativos voltada à pesquisa científica.
Tensão crescente entre Taiwan e Trump após a eleição de 2024
A inclusão da subsidiária taiwanesa do Inspur na lista de restrições ocorre em meio a uma escalada de tensões comerciais entre os Estados Unidos e Taiwan, especialmente após a eleição do republicano à presidência em novembro de 2024.
Em janeiro de 2025, Trump anunciou a intenção de impor tarifas sobre chips e semicondutores fabricados fora dos EUA — medida que impacta diretamente Taiwan, principal fornecedor desses dispositivos ao mercado norte-americano.
A iniciativa visa pressionar empresas estrangeiras a transferirem suas operações para o território norte-americano. No entanto, analistas alertam que isso pode agravar a chamada “guerra dos chips” e comprometer cadeias globais de suprimento tecnológico, além de intensificar a disputa com a China.
Poucos dias após a eleição de Trump, ainda em novembro de 2024, o governo taiwanês publicou uma resolução proibindo a exportação de suas tecnologias mais avançadas, como chips com arquitetura de 2 nanômetros, para o exterior.
O ministro de Assuntos Econômicos de Taiwan, JW Kuo, afirmou que a decisão foi motivada pela necessidade de “proteger as tecnologias nacionais” e evitar que a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), principal fabricante mundial de semicondutores, fosse forçada a produzir tecnologias de ponta em solo americano.
A TSMC mantém planos de construir fábricas no estado do Arizona, onde deve iniciar ainda neste ano a produção de chips com processos de 4 nanômetros. Já os chips de 2 nanômetros só poderão ser fabricados nos EUA quando Taiwan desenvolver uma nova geração ainda mais avançada para manter sua primazia tecnológica.


