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Familiares de mortos em kibutz pedem que Exército de Israel seja investigado por massacre

Suspeita de que exército seja responsável por parte das mortes no kibutz de Be’eri no dia 7 de outubro motiva o pedido, apoiado também por jornal israelense

Kibutz destruído em Kfar Aza, outubro de 2023 (Foto: Reuters)

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Por Pedro Marin (OperaMundi) - Um grupo de familiares de israelenses mortos no kibutz de Be’eri durante o ataque do Hamas no dia 7 de outubro de 2023 exigiram, por meio de uma carta, a abertura imediata de uma investigação sobre as ações de militares israelenses na comunidade agrícola durante seus enfrentamentos com combatentes de Hamas.

Na carta, as famílias exigem uma “investigação abrangente e transparente das decisões e ações que levaram a esse resultado trágico. Além disso, solicitamos que as conclusões sejam fornecidas primeiro às famílias, e só depois ao público”.

Ao menos 97 pessoas morreram no kibutz – espécie de comunidade agrícola – de Be’eri, que tinha cerca de 1100 residentes, durante os ataques do Hamas no dia 7 de outubro. Uma parte considerável delas foram mortas por combatentes do Hamas ou civis palestinos que conseguiram invadir a comunidade naquela manhã, incendiando casas, matando e tomando reféns; mas há a suspeita de que uma outra parte, feita refém por combatentes do Hamas, tenha sido morta por militares israelenses durante os tiroteios que se seguiram.

Um dos focos da suspeita é a casa de Pesi Cohen, morador do kibutz. 15 israelenses haviam sido feitos reféns por combatentes do Hamas nesta casa naquele dia, e só dois sobreviveram: Hadas Dagan, moradora da comunidade, e Yasmin Porat, jovem que havia fugido da festa rave anteriormente atacada pelo Hamas. Em entrevistas pouco após os ataques, Porat disse ter certeza que muitos dos reféns na casa foram mortos por projéteis e estilhaços de disparos israelenses. Dagan, a outra sobrevivente, confirmou a versão de Porat.

Uma extensa investigação do The New York Times sobre o ataque ao kibutz confirmou que o general Barak Hiram, das Forças de Defesa de Israel (IDF), ordenou que um tanque de guerra disparasse contra a casa, “mesmo ao custo de baixas civis”. A suspeita é que a ordem de Hiram tenha se orientado pela “Diretiva Hannibal”, doutrina militar das forças israelenses que autoriza que sequestros sejam interrompidos militarmente mesmo que a resposta em questão ponha os sequestrados em risco. A polêmica doutrina, formulada para diminuir o poder de sequestradores durante as negociações e desestimular que novos sequestros sejam feitos contra israelenses, teria sido suspensa por um período “graças à oposição pública e de reservistas”, de acordo com o jornalista israelense Amos Harel, mas teria sido ressuscitada pelo ex-ministro de Defesa israelense Benny Gantz, atualmente membro do gabinete de guerra do governo israelense.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram, por meio de seu porta-voz, que uma investigação detalhada e aprofundada sobre os eventos no kibutz seria realizada “quando o status operacional permitisse”. As famílias, no entanto, exigem que a investigação seja imediata, “à luz da gravidade do que aconteceu”. Na carta, afirmam que os militares devem investigar “enquanto a memória ainda estiver fresca para todos os envolvidos”, e antes que a casa onde seus parentes foram mortos seja demolida.

Na segunda-feira (8), o jornal israelense Haaretz se uniu ao chamado das famílias, exigindo em editorial que a investigação sobre os reféns mortos no kibutz de Be’eri seja imediata. “Não há demanda mais justa do que aquela dos familiares de pessoas mortas no incidente com reféns no kibutz de Be’eri de que as ações do exército sejam investigadas, e que recebam respostas sobre as circunstâncias da morte de seus entes queridos”, diz o jornal. “E as Forças de Defesa de Israel devem investigar e dar essas respostas agora, enquanto a guerra está em sua plenitude, porque essas respostas são relevantes para o destino dos 136 reféns que ainda estão, após 95 dias, sendo prisioneiros do Hamas na Faixa de Gaza”.

O jornal também cita a “Diretiva Hannibal”: “o público tem o direito de saber o seguinte: o [general] Hiram agiu de acordo com as regras e ethos das IDF, ou em contrariedade a elas? E o espírito da Diretiva Hannibal é dominante nas Forças Armadas em meio a sua guerra contra o Hamas?”

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