Greta Thunberg é presa em Londres após protesto pró-Palestina
Ativista sueca foi detida por portar cartaz em apoio a presos ligados ao grupo Palestine Action durante manifestação em frente a seguradora
247 - A ativista climática sueca Greta Thunberg foi presa em Londres, na terça-feira (23), após participar de um protesto em solidariedade a presos associados ao grupo Palestine Action. A manifestação ocorreu em frente à sede da seguradora Aspen Insurance, no centro financeiro da capital britânica, e reuniu apoiadores de detentos que realizam greve de fome enquanto aguardam julgamento.
Greta Thunberg, de 22 anos, chegou ao local depois do início do protesto e se sentou em frente ao prédio segurando um cartaz com a mensagem: “Eu apoio os prisioneiros do Palestine Action. Eu me oponho ao genocídio.” A ativista foi detida sob a acusação de exibir material de apoio a uma organização considerada proibida pela legislação britânica de combate ao terrorismo.
Antes da chegada da ativista, dois outros manifestantes utilizaram extintores de incêndio adaptados para cobrir a fachada do edifício com tinta vermelha e se prenderam à estrutura do prédio. A ação ocorreu por volta das 7h da manhã, na Fenchurch Street, área onde está localizada a sede da Aspen Insurance.
A Polícia da Cidade de Londres informou: “Um homem e uma mulher foram presos sob suspeita de dano criminal. Eles se colaram nas proximidades e agentes especializados estão trabalhando para soltá-los e levá-los à custódia policial.” A corporação acrescentou que, pouco depois, uma mulher de 22 anos também foi detida. “Ela foi presa por exibir um item – neste caso, um cartaz – em apoio a uma organização proibida – neste caso, o Palestine Action – em desacordo com a seção 13 da Lei do Terrorismo de 2000.”
Posteriormente, a polícia confirmou que Greta Thunberg foi liberada sob fiança, com obrigação de comparecer à Justiça em março. A prisão gerou questionamentos de ativistas e organizações civis, que apontam que milhares de pessoas foram detidas ao longo do último ano em protestos semelhantes, muitas vezes portando cartazes com mensagens de apoio ao Palestine Action, sem que houvesse aplicação imediata da legislação antiterrorismo.
O grupo Prisoners for Palestine afirmou que a Aspen Insurance foi alvo do protesto por fornecer serviços à Elbit Systems UK, subsidiária britânica de uma fabricante israelense de armamentos. Segundo os organizadores, a ação também buscou expressar solidariedade a oito presos que entraram em greve de fome enquanto aguardam julgamento por acusações relacionadas ao Palestine Action, grupo que acabou banido pelas autoridades britânicas.
De acordo com os organizadores do protesto, dois dos grevistas completaram 52 dias sem se alimentar e se encontram em estado crítico de saúde. Outros três interromperam a greve devido a riscos severos. Familiares e apoiadores têm pressionado o secretário de Justiça, David Lammy, para que receba representantes dos detentos. Na segunda-feira (22), advogados dos grevistas enviaram uma notificação legal ao governo, alegando que a recusa em dialogar viola diretrizes do Ministério da Justiça sobre o tratamento de greves de fome.
Entre as reivindicações dos presos estão a concessão imediata de liberdade sob fiança, o fim da proibição ao Palestine Action e o encerramento das restrições impostas à comunicação dos detentos. Em declaração divulgada após a prisão, Greta Thunberg afirmou: “Cabe ao Estado intervir e pôr fim a isso atendendo a essas demandas razoáveis, que abrem caminho para a liberdade de todos aqueles que escolhem usar seus direitos para tentar impedir um genocídio, algo que o próprio Estado britânico falhou em fazer.”
A Aspen Insurance passou a ser alvo de protestos depois que se tornou público que outras seguradoras haviam encerrado contratos com subsidiárias britânicas da Elbit Systems após sucessivas ações do Palestine Action. No sábado (21), a Allianz informou à emissora pública irlandesa RTÉ que “não tem nenhuma relação com a Elbit Systems e não se envolve em qualquer atividade de investimento ou subscrição ligada ao Oriente Médio.” As empresas citadas foram procuradas para comentar o caso.



