Hamas rejeita desarmamento e reafirma resistência armada como direito do povo palestino
Movimento condiciona qualquer entrega de armas ao fim da ocupação israelense
247 - O Movimento de Resistência Islâmica Palestina (Hamas) rejeitou de forma categórica qualquer plano de desarmamento imposto por atores externos e reiterou que a resistência armada permanece como um direito legítimo do povo palestino diante da ocupação israelense. A posição foi reforçada após declarações de sua liderança política no exterior e de dirigentes do movimento, que também criticaram propostas internacionais para a governança de Gaza.
Segundo o canal Hispan TV, o líder político do Hamas no exterior, Khaled Meshaal afirmou que o movimento não aceitará iniciativas de desarmamento conduzidas por potências estrangeiras e que as armas da resistência integram a identidade palestina na luta contra a ocupação.
Segundo o Hamas, a chamada segunda fase do cessar-fogo apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê medidas como o desarmamento dos grupos de resistência em Gaza, o envio de uma força militar internacional e a criação de uma autoridade administrativa estrangeira para supervisionar a gestão cotidiana do território. Essas condições foram rejeitadas pelo movimento, que as interpreta como tentativas de Washington e do regime de Tel Aviv de impor controle externo sobre o futuro do enclave palestino.
Dirigentes do Hamas afirmam que a entrega de armas só poderia ocorrer no contexto da constituição de um Estado palestino soberano, após o fim da ocupação israelense. Um membro sênior do movimento resumiu essa posição de forma contundente ao declarar que “entregar as armas seria como tirar a alma do Hamas”, enfatizando a recusa em aceitar autoridades externas e defendendo que a administração de Gaza permaneça sob controle palestino.
O grupo também denunciou Israel por violações recorrentes dos acordos de cessar-fogo, intensificação de ataques à Faixa de Gaza e manutenção do bloqueio, fatores que, segundo o Hamas, aprofundam a crise humanitária. Para a organização, essas ações reforçam a necessidade de manter a resistência armada como garantia de defesa diante das agressões.
De acordo com o Hamas, as propostas de desarmamento fazem parte de uma estratégia mais ampla dos Estados Unidos e de Israel para neutralizar a luta palestina. O movimento sustenta que a comunidade internacional deve reconhecer o direito inalienável do povo palestino à autodefesa e que qualquer solução política duradoura precisa incluir o fim da ocupação israelense e a plena soberania sobre Gaza e a Cisjordânia.
O grupo ainda acusa Israel de descumprir os compromissos da Fase 1 do cessar-fogo firmado em 10 de outubro. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, desde a entrada em vigor do acordo, ao menos 367 palestinos foram mortos e outros 953 ficaram feridos. Desde outubro de 2023, os ataques israelenses teriam provocado a morte de pelo menos 70.354 palestinos, em sua maioria mulheres e crianças, além de mais de 171 mil feridos, em um genocídio que devastou grande parte da Faixa de Gaza.



