HOME > Mundo

Hamas acusa Israel de descumprir etapa inicial de trégua em Gaza

Movimento de Resistência denuncia violações e alerta para impasse na segunda fase do cessar-fogo

Abduljabbar Saeed, membro do Birô Político do Hamas (Foto: HispanTV)

247 - O Hamas acusou Israel de quebrar compromissos firmados no acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, afirmando que a primeira fase da trégua foi marcada por descumprimentos e continuidade da violência contra civis palestinos. A denúncia foi feita por Abduljabbar Saeed, membro do gabinete político do movimento.

Segundo o canal Hispan TV, Saeed apresentou uma avaliação detalhada das negociações em curso com mediadores, durante entrevista concedida à Agência de Notícias Quds, destacando que o Hamas afirma ter cumprido integralmente suas obrigações, ao contrário do que atribui ao regime israelense.

Saeed declarou que há consenso entre as partes envolvidas de que Israel não respeitou a maior parte das exigências estabelecidas na etapa inicial da trégua. Segundo ele, até mesmo o governo dos Estados Unidos teria demonstrado surpresa com o nível de cooperação do Hamas, especialmente no processo de recuperação e entrega dos corpos de prisioneiros.

O dirigente enfatizou que, mesmo durante o período de cessar-fogo, civis palestinos continuaram sendo mortos em Gaza, grande parte deles mulheres e crianças. Ele descreveu a situação como devastadora, lembrando que famílias enfrentaram dias de inverno sem acesso a tendas apropriadas, casas móveis ou equipamentos necessários para retirar escombros.

Saeed criticou ainda o fato de a maior parte dos materiais destinados à população ter chegado através de comerciantes, e não por vias humanitárias. Para ele, isso agravou a crise e aumentou o desespero dos moradores da região.

O representante do Hamas alertou que o movimento não aceitará avançar para a segunda fase do cessar-fogo enquanto persistirem violações israelenses. Ele afirmou não existir, até o momento, uma visão clara dos mediadores sobre o próximo passo das negociações e expressou preocupação com propostas como um “Conselho da Paz” e uma “Força Internacional de Estabilização”, consideradas por ele como potenciais ameaças à soberania palestina.

“Como é possível avançar para a segunda fase do cessar-fogo antes que Israel cumpra os compromissos da primeira fase?”, questionou Saeed, reforçando que o movimento já definiu suas posições e não aceitará medidas que enfraqueçam a administração palestina.

O dirigente defendeu a criação de uma gestão local independente, capaz de dialogar diretamente com organismos internacionais para conduzir a reconstrução de Gaza. Ele também afirmou que o Hamas está disposto a discutir a questão das armas, mas apenas dentro de uma estrutura nacional que respeite os direitos palestinos.

Segundo Saeed, desarmar a Resistência equivaleria a “eliminar sua alma”, reiterando que a pauta das armas está diretamente ligada ao reconhecimento de um Estado palestino. Ele destacou que ninguém abrirá mão do armamento sem uma contrapartida justa e assegurou que o Hamas seguirá defendendo seus combatentes, em diálogo com mediadores, enquanto as Brigadas Al-Qassam devem liderar a resposta relacionada ao destino desses membros.

Desde outubro de 2023, os bombardeios israelenses já mataram ao menos 70.354 palestinos — a maioria mulheres e crianças — e deixaram outros 171.000 feridos ao longo de dois anos de guerra que devastou a Faixa de Gaza. Após o cessar-fogo, o número de mortos palestinos subiu para 367, segundo dados atualizados.

Artigos Relacionados