Secretário Geral da ONU diz que há provas sólidas de crimes de guerra em Gaza
Guterres critica a ofensiva israelense e alerta para violações graves do direito internacional
247 - O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, voltou a lançar um alerta contundente sobre a situação humanitária em Gaza e a condução da ofensiva israelense no território palestino. As declarações foram dadas durante o evento “Reuters Next”, em Nova York, e destacam a gravidade das violações cometidas ao longo do conflito.
Reportagem do canal Hispan TV destaca a avaliação crítica feita por Guterres sobre a operação militar israelense e o impacto devastador para a população civil.
Durante sua intervenção, o chefe da ONU ressaltou a necessidade da plena implementação da resolução aprovada pelo Conselho de Segurança para consolidar o frágil cessar-fogo firmado entre Israel e o Hamas. Guterres classificou como falha a estratégia militar adotada por Tel Aviv ao longo dos dois anos de ofensiva intensa antes da trégua. "Acho que houve algo fundamentalmente errado na forma como essa operação foi conduzida (por Israel), com total negligência em relação às mortes de civis e à destruição de Gaza", declarou.O secretário-geral também sublinhou que os objetivos israelenses declarados não foram atingidos, apesar da devastação generalizada. “O objetivo de Israel era destruir o Hamas. Gaza foi destruída, mas o Hamas ainda não foi destruído. Portanto, há algo fundamentalmente errado na maneira como isso está sendo feito”, afirmou. Em seguida, reiterou que há “fortes razões para acreditar que crimes de guerra foram cometidos em Gaza”.As declarações de Guterres chegam após a divulgação de um relatório alarmante sobre as consequências da ofensiva militar: desde outubro de 2023, cerca de 6.000 pessoas tiveram membros amputados em decorrência dos ataques, descritos por autoridades palestinas como genocidas. No mesmo período, pelo menos 70.117 palestinos foram mortos e outros 170.999 ficaram feridos, números que continuam a crescer mesmo após a formalização do cessar-fogo, violado quase 600 vezes pelo lado israelense, de acordo com fontes locais.Nos últimos registros divulgados pelas autoridades de Gaza, o total de mortos já chega a 70.100 após 25 meses de confrontos. Entre as vítimas recentes estão cinco palestinos, incluindo um jornalista, mortos em novos ataques israelenses que continuam a desafiar os esforços internacionais para estabilizar a região.
A fala de Guterres reforça a pressão global por responsabilização e investigações independentes sobre violações do direito internacional humanitário, num momento em que a crise em Gaza segue como uma das mais graves emergências humanitárias contemporâneas.



