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Países em desenvolvimento devem receber "financiamento substancial", diz Alberto Fernández

Presidente argentino destacou que na América Latina e no Caribe existem recursos naturais, trabalhadores e capacidades tecnológicas para integrar novas cadeias produtivas

Alberto Fernández 18/7/23 (Foto: Reprodução)

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Télam - O presidente Alberto Fernández afirmou nesta terça-feira (18) que os países em desenvolvimento devem buscar uma "inserção mais plena e virtuosa nas cadeias de valor e receber um volume substancial de financiamento" por meio da "cooperação em investimentos produtivos". Ele expressou essa visão durante a apresentação na III Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) - Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que está ocorrendo em Bruxelas, Bélgica.

Em seu discurso, Fernández celebrou a criação deste "espaço de diálogo birregional para enfrentar os desafios comuns" enfrentados por ambas as comunidades.

Nesse sentido, ele ressaltou que os desafios são difíceis, como a fome, a pobreza, a desigualdade, a falta de emprego decente, a degradação do meio ambiente, o aumento da violência, a discriminação e a perda do diálogo político e social, em um contexto de crescentes tensões geopolíticas.

"No entanto, na nossa opinião, o cenário global oferece uma nova oportunidade", disse o presidente. Ele ampliou seu ponto de vista, afirmando: "A reconfiguração das cadeias de valor, resultante da pandemia e da guerra, pode impulsionar significativamente o trabalho decente, com direitos e salários justos, condição, como todos sabemos, indispensável para o desenvolvimento econômico e social de nossos povos".

Fernández destacou que na América Latina e no Caribe existem recursos naturais, trabalhadores e capacidades científico-tecnológicas para integrar essas novas cadeias e promover a transição energética e a digitalização.

"É necessário estabelecer uma nova forma de parceria entre as regiões, uma parceria política e produtiva, onde a geração de emprego para nossos jovens seja o principal objetivo. A contribuição da América Latina e do Caribe não pode se limitar à exportação de matérias-primas", acrescentou.

Para o presidente, o aquecimento global, a perda da biodiversidade e a poluição são realidades indiscutíveis. "Também não há dúvida de que precisamos agir e agir rapidamente", disse ele, defendendo que as transformações necessárias exigem um fluxo considerável e sustentado de recursos para viabilizar seu financiamento.

“As capacidades de financiamento de nossos países são limitadas", afirmou Fernández, insistindo: "Vocês já me ouviram chamar a atenção mais de uma vez para as reformas necessárias na arquitetura financeira internacional".

Nesse contexto, ele observou que "após uma pandemia como a do coronavírus, que a humanidade não via há cem anos, a guerra na Ucrânia e os efeitos dramáticos das mudanças climáticas, o Fundo Monetário Internacional não conseguiu encontrar tempo e disposição para rever sua política de sobretaxas e o capital disponível nos bancos de desenvolvimento continua insuficiente".

"Os países em desenvolvimento precisam obter uma inserção mais plena e virtuosa nas cadeias de valor e receber um volume substancial de financiamento, tanto por meio de cooperação quanto de investimentos produtivos, para recuperar espaço de manobra e poder financiar a transição energética e avançar para novas formas de produção que não representem um perigo crescente para o meio ambiente", resumiu o chefe de Estado.

Portanto, Fernández expressou que todos esses temas adquirem uma dimensão ainda maior em um cenário internacional marcado pela guerra. Ele destacou que "a invasão da Ucrânia pela Rússia desencadeou um conflito muito delicado que nos levou a uma situação dramática de grande instabilidade".

O presidente afirmou que "a República Argentina está convencida de que uma solução duradoura para a situação na Ucrânia só será alcançada por meios pacíficos" e renovou o apelo à "paz e à redução do conflito, para que as partes envolvidas possam encontrar as condições necessárias para voltar à mesa de negociações".

Nesse sentido, o presidente afirmou que "acreditar que um punhado de países pode realizar algo em um mundo que não está sendo realizado é não apenas injusto, mas também uma meta impossível de ser alcançada".

"Conseguimos nos reunir aqui, após vários anos", relatou Alberto Fernández, indicando que "em circunstâncias particularmente desafiadoras, podemos dar um exemplo concreto de diálogo político".

"Precisamos de uma abordagem sistêmica baseada na justiça e na equidade, com projetos birregionais específicos que nos permitam demonstrar que esse compromisso de estarmos juntos, mesmo com nossas diferenças, vale a pena", concluiu.

Além da cúpula, Fernández participou antes de seu discurso de uma reunião do arco do progressismo organizada pelo Partido dos Socialistas Europeus (PES), intitulada "Juntos pela Justiça Global", e teve um encontro bilateral com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.

Na primeira reunião, o presidente argentino compartilhou o dia com os primeiros-ministros da Dinamarca, Mette Frederiksen, e de Portugal, António Costa, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, da Espanha, Pedro Sánchez, do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Gabriel Boric, o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, a Secretária de Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, entre outros.

O objetivo do encontro foi "construir um debate, a partir do socialismo e do progressismo, para fortalecer a cooperação inter-regional entre a Europa e os Estados latino-americanos e caribenhos", explicaram os porta-vozes.

Posteriormente, Fernández e Meloni discutiram em uma reunião bilateral realizada no Edifício Europa, em Bruxelas, que é a sede principal do Conselho Europeu e do Conselho da União Europeia (UE). Eles ressaltaram a importância de manter os canais de cooperação e diálogo que historicamente caracterizaram o relacionamento entre os dois países. O chefe de Estado destacou a presença histórica de investimentos italianos em setores como infraestrutura e energia renovável.

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