Paul Krugman critica tarifa de Trump contra o Brasil e chama ação de ‘megalomaníaca e maligna’
Para o Nobel de Economia, presidente dos EUA usa política comercial como arma política e retalia Brasil por julgamento de Bolsonaro
247 - O economista Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2008 e colunista do The New York Times, publicou nesta quarta-feira (9) um duro artigo em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A manifestação foi noticiada originalmente pelo jornal The New York Times e repercutiu fortemente nos meios econômicos e diplomáticos.
No texto, intitulado “O programa de proteção ao ditador de Trump”, Krugman afirma que a medida configura retaliação política ao governo brasileiro por levar o ex-presidente Jair Bolsonaro a julgamento, após tentativa de golpe.
“O argumento usado por Trump simplesmente não tem justificativa econômica legítima”, escreveu Krugman. “Trata-se claramente de uma punição política pelo fato de o Brasil ter levado Bolsonaro à Justiça.”
O economista lembrou que não é a primeira vez que o presidente dos EUA usa tarifas como instrumento de coerção política, contrariando os princípios do sistema multilateral de comércio criado após a Segunda Guerra Mundial. “Trump tem repetidamente tentado transformar a política comercial dos EUA em um instrumento de intimidação, em oposição ao modelo de integração econômica que visa promover paz e estabilidade”, destacou.
Krugman também ironizou o caráter de grandeza desproporcional da medida. “A ideia de que os Estados Unidos poderiam coagir um país com mais de 200 milhões de habitantes, que não depende significativamente do mercado americano, é absurda”, criticou. Ele classificou a decisão como “megalomaníaca” e “maligna”.
Em um dos trechos mais contundentes do artigo, o economista declarou: “Se ainda tivéssemos uma democracia funcionando, essa manobra com o Brasil, por si só, já seria motivo suficiente para um impeachment. Claro, teria que entrar na fila atrás de todos os outros motivos.”



