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Premiê alemão que insultou o Brasil vê plateia abandonar evento antes de seu discurso em protesto (vídeo)

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram cerca de 30 pessoas se levantando em silêncio justamente quando Merz subia ao palco

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz - 21/10/2025 (Foto: REUTERS/Heiko Becker)

247 - Dezenas de convidados deixaram um auditório em Berlim na noite desta quarta-feira (19) em protesto contra o primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, momentos antes de seu discurso. A saída organizada do público ocorreu durante a cerimônia do Prêmio Talismã, dedicado a iniciativas de integração e diversidade. As informações são da Folha de S.Paulo.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram cerca de 30 pessoas se levantando em silêncio justamente quando Merz subia ao palco. O premiê seguiu com uma fala de aproximadamente 20 minutos, após a qual os manifestantes retornaram aos seus lugares, reforçando o caráter simbólico do protesto.

O Prêmio Talismã é promovido pela Fundação Alemã para a Integração, que apoia migrantes e seus descendentes. Muitos dos que deixaram o auditório usavam adesivos com a frase “nós somos a paisagem urbana”, resposta direta a um comentário de Merz no mês anterior. Ao celebrar uma redução de 60% nos pedidos de asilo, o premiê afirmou que ainda havia “um problema na paisagem urbana” e que seu governo trabalhava com a perspectiva de deportações em massa — declaração interpretada como aproximação a pautas da extrema-direita alemã.A expressão “paisagem urbana”, traduzida de Stadtbild, gerou forte reação de parlamentares e lideranças de origem imigrante. Eles pediram retratação imediata e acusaram o primeiro-ministro de reforçar estigmas sobre migrantes. A crise aumentou quando Merz, em resposta aos críticos, disse: "Pergunte para sua filha" sobre a segurança nas cidades — afirmação que contraria estatísticas policiais, segundo especialistas consultados pela imprensa alemã.

A sequência de declarações polêmicas não parou por aí. Na semana passada, em discurso no Congresso Alemão do Comércio, Merz comentou de forma depreciativa sua viagem a Belém, no Brasil, durante a COP30. Segundo relatou, os jornalistas que o acompanharam não teriam demonstrado interesse em permanecer na cidade. "Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão", afirmou. Ele acrescentou que todos teriam ficado aliviados por retornar à Alemanha, especialmente “daquele lugar onde estávamos”.

As falas provocaram reação imediata no Brasil. O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), classificou o comentário como “arrogante” e “preconceituoso”. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou que causa estranhamento quando “quem ajudou a aquecer o planeta questiona o calor da Amazônia”.Na terça-feira (18), o presidente Lula (PT) também rebateu o premiê alemão. Em tom crítico, o petista ironizou Merz por não ter aproveitado a cultura local durante a COP30. "Ele, na verdade, devia ter ido num boteco no Pará. Ele, na verdade, deveria ter dançado no Pará. Ele, na verdade, deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece pra ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém. E eu falava toda hora 'coma maniçoba'", disse Lula.

A conjunção das polêmicas pressiona a imagem de Merz dentro e fora da Alemanha. O protesto silencioso na cerimônia de Berlim se soma a críticas de figuras políticas, lideranças comunitárias e autoridades internacionais, reforçando a percepção de que o discurso do premiê tem se afastado de pautas de inclusão e diálogo — justamente em um momento em que o país enfrenta desafios crescentes na área de migração e integração social.Se desejar, posso preparar uma versão reduzida, uma nota rápida ou um texto mais analítico sobre o impacto político das declarações do líder alemão.

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