Brasil e Bélgica firmam parceria para criar corredor verde de e-combustíveis
Porto do Açu e Porto de Antuérpia-Bruges assinam acordo para exportar amônia e hidrogênio verde entre Brasil e Europa até 2030
247 - O Porto do Açu, localizado no norte fluminense, e o Porto de Antuérpia-Bruges, na Bélgica, firmaram nesta segunda-feira (3) uma carta de intenções para desenvolver o primeiro corredor marítimo verde entre o Brasil e a Europa. O anúncio foi feito durante o Oceans of Opportunity Summit, realizado no Rio de Janeiro, com a presença de líderes do setor portuário, energético e governamental.
Segundo informações divulgadas pelo portal Broadcast, o projeto tem como meta iniciar operações antes de 2030 e se tornar a principal rota global de exportação de e-combustíveis — como amônia e hidrogênio verde —, conectando a produção brasileira à demanda crescente por soluções de baixo carbono no continente europeu.
Corredor marítimo verde e transição energética
O acordo é fruto de um estudo de pré-viabilidade conduzido pelo Rocky Mountain Institute (RMI) e pelo Global Maritime Forum (GMF), que apontou o potencial do eixo Açu-Antuérpia como referência mundial na descarbonização do transporte marítimo.
O CEO da Prumo, controladora do Porto do Açu, Rogério Zampronha, destacou a relevância do projeto para a transição energética nacional.
“Trabalhamos para que o Porto do Açu seja um hub global de exportação de combustíveis marítimos de emissão zero, estrategicamente posicionado para conectar a produção brasileira à crescente demanda europeia por soluções de baixo carbono”, afirmou.
Zampronha ressaltou ainda que a criação do corredor “reforça a estratégia de ser o porto da transição energética no Brasil”.
Potencial brasileiro e demanda europeia
O Porto de Antuérpia-Bruges, considerado um dos principais centros industriais da Europa, estima importar de 6 a 10 milhões de toneladas de amônia verde por ano até 2030, o equivalente a 1,2 a 1,5 milhão de toneladas de hidrogênio verde. Parte significativa dessa demanda poderá ser atendida pelo futuro hub de hidrogênio do Porto do Açu, que já desponta como um dos maiores projetos do setor no país.
O CEO do Porto do Açu, Eugenio Figueiredo, ressaltou o impacto da parceria no fortalecimento da economia verde.
“A parceria com o Porto de Antuérpia-Bruges mostra o poder da cooperação internacional e como podemos contribuir para uma economia marítima sustentável e circular. O Açu é um ecossistema que entrega resultados reais, com disponibilidade de energia e um modelo de porto privado que garante agilidade, eficiência e os mais altos padrões ESG”, afirmou.
Infraestrutura e incentivos internacionais
De acordo com o estudo apresentado, o corredor Açu-Antuérpia oferece vantagens competitivas, como paridade de custos com combustíveis fósseis devido aos novos incentivos da Organização Marítima Internacional (IMO), infraestrutura mapeada e requisitos regulatórios já definidos.
O CEO do Porto de Antuérpia-Bruges Internacional, Kristof Waterschoot, reforçou o papel pioneiro da iniciativa:
“A parceria com o Porto do Açu é um marco na construção de um corredor transatlântico de energia verde. Juntos, estamos preparando os primeiros fluxos de importação de amônia verde do Açu para Antuérpia-Bruges, impulsionando uma economia marítima verdadeiramente sustentável e circular.”
Brasil como potência em combustíveis verdes
O estudo também aponta que o Brasil reúne as condições ideais para se consolidar como líder global em e-combustíveis, graças à sua matriz elétrica predominantemente renovável, políticas públicas favoráveis e baixo custo de capital.
A implementação do IMO Net Zero Framework, prevista para o próximo ano, aliada a políticas europeias como o FuelEU Maritime e o Emissions Trading System (ETS), deve gerar novos incentivos para combustíveis de emissão zero.
Atualmente, o transporte marítimo responde por cerca de 80% do comércio mundial em volume e por 3% das emissões globais de carbono. O CEO da RMI, Jon Creyts, destacou o protagonismo brasileiro na nova economia verde:
“O Brasil tem os recursos para liderar o mundo em combustíveis marítimos sustentáveis e competitivos. Possui ótimas energias renováveis, uma indústria de recursos naturais próspera e conectividade que o tornarão uma potência global na próxima economia de energia.”



