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Mubadala assume controle da Linha Amarela, no Rio, em acordo de troca de dívida por participação

Fundo de Abu Dhabi passa a deter 60,3% da concessionária após operação de R$ 349,75 milhões; transação ainda aguarda aprovação do Cade e da Prefeitura

Linha Amarela no Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

247 – A Mubadala Capital, fundo soberano de Abu Dhabi, assumiu o controle da Linha Amarela S.A. (Lamsa), concessionária responsável por uma das principais vias expressas do Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pelo Brazil Stock Guide. A operação foi realizada por meio de um acordo de conversão de dívida em participação societária no valor de R$ 349,75 milhões (US$ 62 milhões).

Com a transação, a Mubadala passa a deter 60,3% do capital da Lamsa, enquanto a participação da Invepar é reduzida para 39,7%. O acordo também extingue por completo as obrigações relacionadas às debêntures entre os dois grupos, colocando fim a disputas financeiras que se estendiam há anos.

A Linha Amarela é uma rodovia de 17,4 quilômetros que liga a Barra da Tijuca, na Zona Oeste, à Ilha do Fundão, nas proximidades do Aeroporto Internacional do Galeão. A via atravessa regiões densamente povoadas e industriais como Jacarepaguá, Méier e Del Castilho, e registra fluxo médio de 120 mil veículos por dia, sendo essencial para o deslocamento diário de trabalhadores e para o transporte de cargas.

Acordo depende de aval do Cade e da Prefeitura

O acordo entre Mubadala e Invepar ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Prefeitura do Rio de Janeiro, responsável pela regulação da concessão e definição de tarifas. Pelo entendimento firmado, as séries terceira e quinta de debêntures emitidas pela Invepar são canceladas, e ambas as partes concedem quitações mútuas e irrevogáveis.

Em comunicado separado, a Invepar informou a prorrogação do acordo de standstill com seus principais credores até 29 de dezembro de 2025. A medida garante fôlego financeiro temporário à empresa, que segue em processo de reestruturação após anos de endividamento elevado e disputas com o poder público.

Invepar em retração e avanço dos investidores do Golfo

A Invepar, que já foi uma das maiores holdings de infraestrutura do país, com ativos como o Aeroporto de Guarulhos (GRU Airport) e a concessionária ViaRio, vem reduzindo sua presença no setor por meio de desinvestimentos e liquidação de dívidas. A venda parcial da Lamsa representa mais um capítulo desse processo de retração.

Para a Mubadala, por outro lado, a operação fortalece sua presença no mercado brasileiro de infraestrutura. No Rio de Janeiro, o fundo já controla a Refinaria de Mataripe (antiga RLAM da Petrobras) e o Porto Sudeste. O movimento reforça a estratégia dos investidores soberanos do Oriente Médio de ampliar sua participação em ativos regulados e de longo prazo no Brasil, especialmente no setor de concessões.

Estratégia global de diversificação

O interesse crescente de fundos do Golfo, como a Mubadala, por ativos brasileiros mostra uma tendência de diversificação de suas carteiras para além do petróleo. A aposta em infraestrutura urbana estratégica, como a Linha Amarela, indica a busca por receitas estáveis e de longo prazo, em setores com previsibilidade regulatória.

A conclusão do negócio, no entanto, ainda depende dos trâmites legais e regulatórios. Caso aprovada, a transação representa uma mudança significativa no controle de uma das vias mais importantes da mobilidade carioca.

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