Prio mira programa de dividendos em 2026 com avanço do projeto Wahoo
Empresa prevê iniciar remuneração estruturada a acionistas enquanto Wahoo se aproxima do first oil entre março e abril de 2026
247 - A Prio afirmou, segundo divulgou o Brazil Stock Guide, que pretende lançar um programa estruturado de remuneração a acionistas a partir do início de 2026. A iniciativa, que combina dividendos e recompra de ações, ocorre no momento em que o projeto Wahoo — considerado o maior vetor de crescimento da companhia — se aproxima do first oil, previsto entre o fim de março e abril.
A decisão marca o encerramento de um ciclo interno de dois anos dedicado a reforçar disciplina operacional, robustez financeira e confiabilidade após os impactos enfrentados em 2024. O CEO Roberto Monteiro afirmou que 2025 será um período de introspecção estratégica, sem avanço em fusões e aquisições, para concentrar esforços na execução. Ele relatou que a empresa desistiu de ao menos duas negociações que julgava atrativas, reforçando que qualidade de fluxo de caixa e timing pesam mais que crescimento acelerado. “Crescer por crescer é um mau negócio”, declarou.
O CFO Milton Rangel vinculou a estratégia de retorno ao acionista à preservação de liquidez e ao cumprimento de compromissos financeiros. Segundo a diretoria, o plano de dividendos e buybacks só será ativado quando a empresa atingir níveis mínimos de caixa capazes de amortecer oscilações do petróleo e garantir flexibilidade para transações futuras. A reavaliação do balanço, disseram, é condição para transformar a Prio em geradora consistente de caixa, e não apenas em uma companhia de forte apetite por expansão.
No campo operacional, o COO Francilmar Fernandes classificou 2025 como um ano para “liberar gargalos operacionais” após a integração de Peregrino e as demoras regulatórias em Wahoo. Peregrino estabilizou produção entre 100 mil e 110 mil barris por dia, próximo ao limite da FPSO, e entra agora em sua fase de “geração industrial de caixa”, com seis novos poços programados para 2026. A retomada do gasoduto de Peregrino no segundo trimestre de 2026 — totalmente coberta por seguro — é vista internamente como a principal alavanca estrutural para reduzir custos e retornar ao padrão histórico de eficiência da empresa.
O diretor de Desenvolvimento de Negócios e Trading, Bruno Menezes, destacou que a integração logística, a agilidade comercial e a revisão contratual mais rígida já estão reduzindo custos antes mesmo da reativação do gasoduto. Segundo ele, Peregrino passa a operar integralmente sob a disciplina de alocação de capital da companhia.
Wahoo permanece como o núcleo da nova fase de crescimento da Prio. O projeto offshore — conduzido internamente, fora do modelo tradicional de EPC — deve iniciar operações com três poços produtores, possivelmente quatro. O custo de perfuração gira em torno de US$ 40 milhões por poço, abaixo da média de mercado. Com mais de um terço da instalação submarina concluída, a empresa reiterou que Wahoo deve elevar de forma significativa a produção e a geração de caixa em 2026, sem aumentar de maneira relevante o endividamento.
Com capacidade contratada próxima de 200 mil barris por dia e a avaliação de que 300 mil barris diários são tecnicamente alcançáveis no próximo ciclo, a Prio busca reposicionar-se. O objetivo é deixar de ser vista apenas como uma história de forte expansão e consolidar-se como uma companhia disciplinada na geração de fluxo de caixa. A combinação de baixos custos, alocação conservadora de capital e um modelo formal de remuneração ao acionista, afirmam executivos, deve sustentar múltiplos mais altos em um mercado de petróleo estruturalmente mais volátil.



