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WEG mantém margens sólidas e amplia produção nos EUA

Companhia reforça cadeia global e ajusta preços para enfrentar tarifas norte-americanas

WEG mantém margens sólidas e amplia produção nos EUA (Foto: Divulgação/Weg)

247 - A fabricante brasileira de equipamentos elétricos WEG (B3: WEGE3) reforçou sua estratégia global para enfrentar os novos encargos tarifários impostos pelos Estados Unidos sobre produtos industriais brasileiros. As informações foram apresentadas durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre de 2025, conforme noticiou o Brazil Stock Guide.

Segundo a publicação, o diretor financeiro e administrativo da companhia, André Luiz Rodrigues, afirmou que os efeitos das tarifas começaram a ser sentidos em outubro, mas que a empresa já executa um plano abrangente para mitigar os impactos. “Estamos sentindo parte do impacto neste trimestre, mas estamos reajustando preços, redesenhando a logística e acelerando a produção local nos Estados Unidos e no México. Não há uma solução única — é um conjunto de ações coordenadas”, disse.

Expansão industrial e novas rotas logísticas

O principal foco da WEG tem sido ampliar sua capacidade produtiva fora do Brasil. A companhia acelera a expansão de suas fábricas nos Estados Unidos, aumenta a produção no México e intensifica investimentos na Colômbia e no Brasil, especialmente em Gravataí (RS) e Betim (MG). O objetivo é reduzir a dependência das exportações brasileiras para o mercado norte-americano.

Rodrigues destacou que as operações nos Estados Unidos crescem de forma consistente e que a nova capacidade de produção de transformadores começará a operar em 2026, com pedidos garantidos até 2027. “Os investimentos nos EUA, combinados à reorganização logística, reduzirão significativamente nossa exposição às tarifas. O plano de dobrar a capacidade global de transformadores até 2027 segue em curso”, afirmou.

Ele acrescentou ainda que a subsidiária norte-americana Marathon já gera sinergias anuais de aproximadamente US$ 6 milhões, evidenciando as vantagens de manter presença local.

Estratégia de preços e diversificação

Outro eixo importante da estratégia é o ajuste de preços no mercado norte-americano, de modo a compensar parcialmente os efeitos tarifários. “Os reajustes não são uma decisão unilateral da WEG — trata-se de uma reação de todo o mercado. Ainda estamos avaliando a elasticidade, pois as mudanças começaram em outubro”, explicou José Menegheti Salgueiro, diretor financeiro e de relações com investidores.

Salgueiro ressaltou que as revisões de preços podem evoluir em 2026, conforme o ambiente comercial mude, buscando equilibrar a proteção das margens com a manutenção dos volumes de venda. Paralelamente, a empresa diversifica sua produção no México e na Ásia, aproveitando acordos de livre comércio para manter competitividade diante de concorrentes locais e chineses.

Desafios e perspectivas

Analistas de mercado classificam a WEG como uma das operadoras industriais mais eficientes da América Latina, mas consideram 2026 um ano decisivo para testar sua rentabilidade. O BTG Pactual avaliou o plano de mitigação como “sólido e proativo”, embora tenha alertado que o repasse de preços pode não compensar integralmente as tarifas caso a demanda norte-americana enfraqueça.

Os bancos Santander e Itaú BBA destacaram a robustez da carteira de pedidos de transformadores e o posicionamento estratégico da empresa na América do Norte, mas apontaram que a realocação fabril e o reequilíbrio da cadeia de suprimentos podem afetar temporariamente a eficiência operacional.

De acordo com o consenso Refinitiv/Bloomberg, o EBITDA da WEG alcançou R$ 2,3 bilhões (US$ 413 milhões) no terceiro trimestre, com margem de 22,2%, em linha com as expectativas. A companhia manteve sua projeção de crescimento para o ano e reafirmou a disciplina de execução e inovação como pilares do negócio.

“Disciplina e inovação continuam sendo os fundamentos do nosso crescimento”, declarou Rodrigues, reforçando que a empresa prioriza a rentabilidade em vez da expansão acelerada.

Margens sólidas e foco em diversificação

Mesmo sob pressão de custos logísticos e de matérias-primas, a WEG manteve uma das margens mais elevadas do setor industrial global — 22,2% no terceiro trimestre, estável em relação ao período anterior. A companhia aposta na diversificação geográfica e tecnológica para sustentar o crescimento, apoiada também na aquisição da Tupinambá Energia, que fortalece sua atuação em mobilidade elétrica e soluções integradas de energia.

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