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Cadeia produtiva nacional de cannabis é urgente para garantir medicamentos de qualidade, diz Andrea Galassi

Pesquisadora da UnB também defendeu em evento do Brasil 247 e do Conjur derrubar os entraves à pesquisa sobre cannabis medicinal no Brasil

A professora Andrea Galassi, coordenadora do Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Universidade de Brasília (UnB), fala no painel "A Cannabis Medicinal no Brasil: Suas Aplicações e Potenciais Benefícios para o Sistema de Saúde", durante o evento "A Política Nacional sobre Drogas: Um Novo Paradigma", realizado pelo Brasil 247, TV 247 e Consultor Jurídico, com apoio do grupo Prerrogativas - Brasília (DF) - 18/02/2025 (Foto: Log Filmes/Brasil 247)

247 - A professora Andrea Galassi, coordenadora do Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Universidade de Brasília (UnB), destacou os avanços científicos na pesquisa sobre cannabis medicinal e pediu urgência para estabelecer uma cadeia produtiva nacional de cannabis, garantindo medicamentos de qualidade e acesso equitativo.

Ela falou no painel "A Cannabis Medicinal no Brasil: Suas Aplicações e Potenciais Benefícios para o Sistema de Saúde", durante o evento "A Política Nacional sobre Drogas: Um Novo Paradigma", realizado pelo Brasil 247, TV 247 e Consultor Jurídico, com apoio do grupo Prerrogativas, em Brasília (DF).

A pesquisadora ressaltou que há evidências moderadas a fortes para o uso da cannabis em condições como epilepsia, dor crônica, fibromialgia e esclerose múltipla, além de estudos preliminares promissores para autismo, Parkinson e Alzheimer.

Galassi afirmou que a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que exige ao Ministério da Saúde que apresente uma normativa para o plantio e acesso ao uso de cannabis é "muito significativa" e impõe novas responsabilidades à pasta: "O ministério, se não a Anvisa, é responsável por promover a cannabis para fins terapêuticos e medicinais, e essa decisão reforça essa missão, que já é prevista em lei". 

A professora também mencionou iniciativas como o comitê interdisciplinar sobre políticas de drogas e cursos para operadores do direito, visando uma abordagem mais justa e informada.

"No ano passado criamos um comitê interdisciplinar sobre a política de drogas, com especialistas das mais diversas áreas que preparam um grande documento com uma série de eixos, para subsidiar e colaborar com o Executivo e o Judiciário para obter uma política de drogas mais justa", disse. 

Ela também defendeu a necessidade de pesquisas científicas nacionais, como o estudo com cannabidiol em dependentes de crack, e a organização de uma cadeia produtiva nacional para garantir qualidade e acesso equitativo, reduzindo a dependência de medicamentos importados.

"No campo da pesquisa, precisamos ter possibilidade de fazer pesquisa científica no país sem nenhum tipo de perseguição. Fizemos um ensaio clínico controlado com dependentes de crack fazendo o uso de cannabidiol. Foi uma epopeia realizar esse estudo por conta de toda a dificuldade de importação. Precisamos desenvolver estudos para rebater a retórica de que supostamente não há evidências científicas. Precisamos pensar urgentemente na organização da cadeia produtiva em território nacional da cannabis", afirmou. 

Ela ainda mencionou que apenas uma minoria dos medicamentos produzidos fora do país têm um índice de qualidade muito satisfatório, "porque não há controle de qualidade adequado, enquanto poderíamos investir na produção nacional". 

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