Política de drogas alimenta crimes ambientais e conflitos agrários na Amazônia, alerta Nathalia Oliveira
Integrante da Plataforma de Política de Drogas destacou em evento do Brasil 247 e do Conjur a conexão entre crimes ambientais e o tráfico no Norte do país
247 - Integrante da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, Nathalia Oliveira destacou que o tráfico de drogas é um vetor central de corrupção, violência armada, degradação ambiental e violações de direitos humanos, especialmente na Região Norte do Brasil.
Ela falou no painel "O Combate ao Racismo e ao Encarceramento em Massa", durante o evento "A Política Nacional sobre Drogas: Um Novo Paradigma", realizado pelo Brasil 247, TV 247 e Consultor Jurídico, com apoio do grupo Prerrogativas, em Brasília (DF).
Em relação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que descriminalizou o porte de cannabis, Oliveira vê limites e contradições: "O STF reconheceu a relação direta da guerra às drogas ao racismo, mas ainda não avançou em decisões capazes de corrigir o efeito dessa política sobre a população negra, porque a decisão do porte apenas da maconha, além de tardia, é limitada", afirmou.
Nesse sentido, ela mencionou a ligação entre questões como tráfico de drogas e a degradação ambiental na Amazônia. "O complexo cenário da cadeia produtiva de drogas na América Latina se modificou profundamente desde a interpelação. O tráfico está entrelaçado com outros crimes ambientais, como garimpo ilegal, grilagem e extração de madeira em terras indígenas, causando danos também socioambientais graves", afirmou.
Oliveira criticou a autorização do "garimpo em terras indígenas e descriminalização da maconha, à medida que eles têm se retroalimentado".
Ela mencionou que os lucros do tráfico retroalimentam crimes fundiários e estruturas clandestinas, "inviabilizando a governança territorial e o desenvolvimento de bioeconomias sustentáveis". "O narcodesmatamento reiveste os ganhos do tráfico na aquisição de terras, desmatando a aqusição de terras, desmatando a criação de pastagens e infraestrutura ilegal", detalhou.
A ativista reforçou sua crítica à política de guerra às drogas, que, "além de não resolver o problema, intensificou a violência e o racismo estrutural, afetando principalmente a população negra".
"A política de drogas militarizada, focada na proibição e no encarceramento, não resolveu o problema, mas na verdade levou facções a buscar novas rotas, aumentando a violência em vários estados. A opção da guerra às drogas de uma polícia militarizada é uma opção política de um Estado racista, que age sob orientação. Não podemos isentar essa responsabilidade de comando e escolha política do Estado brasileiro", afirmou.
Por fim, Oliveira afirmou que as reformas das políticas de drogas devem reduzir os danos gerados pela proibição e retirar a América Latina do papel de produtor de commodities.
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