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Governo amplia demissões de ex-aliados e prepara mudanças em postos-chave da Caixa

Movimento acentua sensação de “faxina” no Estado

Agência da Caixa Econômica Federal (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

247 – O governo federal intensificou nos últimos dias uma onda de demissões de ex-aliados, e articula substituições em cargos estratégicos da Caixa Econômica Federal. Segundo reportagem do O Globo, a estratégia de “limpeza” busca retirar nomes indicados por partidos considerados pouco comprometidos com a agenda do governo Lula e substituí-los por quadros com maior afinidade ao núcleo de poder.

Fontes ouvidas pela reportagem relatam que postos sensíveis ligados a financiamento habitacional, habitação social e crédito popular estão entre os alvos da nova política de ajuste. O movimento sinaliza que o Palácio do Planalto busca maior controle institucional sobre instrumentos essenciais do Estado.

Analistas entrevistados veem o processo como uma reorganização administrativa associada à necessidade de garantir lealdade dos partidos que ocupam espaços no governo. A substituição de dirigentes insubmissos serviria para reforçar o recado de fidelidade exigida pelo núcleo governista.

Outro efeito colateral emerge no risco à governabilidade: ao desligar dirigentes com experiência e redes próprias, a capacidade de articulação territorial e interlocução local pode sofrer prejuízo — principalmente em estados estratégicos nas eleições estaduais e municipais.

Ainda segundo as apurações, em algumas das demissões recentes, os excluídos sequer chegaram a ser informados com antecedência das mudanças — uma tática que reforça o caráter centralizador da medida e a ênfase em alinhar cargos à lógica de fidelidade política.

No centro dessa estratégia está a Caixa: o banco público, fundamental para políticas sociais e para habitação popular, será palco de substituições pontuais. A expectativa é que o governo instale nomes de confiança que facilitem avanços em políticas estratégicas ligadas à infraestrutura e assistência social.

Parte do receio entre especialistas é que o esvaziamento de quadros experientes possa abrir espaço para instabilidade institucional e erros de gestão em um momento de crescentes demandas sociais.

Em testemunhos reservados, alguns ex-dirigentes demitidos afirmam ter sido surpreendidos por decisões abruptas, sem diálogo prévio, reforçando o caráter simbólico da operação: demonstrar que a permanência no governo depende de compromisso e alinhamento.

Com esse movimento, o Executivo reforça duas mensagens simultâneas: centralizar o controle político e exigir lealdade dos partidos. As mudanças já demarcam que, no ambiente governamental, nem mesmo antigos aliados estão seguros diante da lógica de “quem não serve, se afasta”.

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