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Leoa Leona, que matou jovem ao ter recinto invadido, não será sacrificada: "jamais foi cogitado"

De acordo com a direção da Bica, a possibilidade de eutanásia “jamais foi cogitada”, já que o animal não apresenta comportamento agressivo

Prefeitura de João Pessoa afirma que homem escalou estruturas de segurança para entrar no recinto da leoa. (Foto: Reprodução)

247 - A leoa Leona, que matou um jovem de 19 anos após a invasão do recinto de felinos do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, permanecerá sob cuidados e não será sacrificada. A informação foi confirmada pela administração do parque e divulgada inicialmente pelo Metrópoles, que publicou vídeos e detalhes do episódio ocorrido nesse domingo (30).

De acordo com a direção da Bica, a possibilidade de eutanásia “jamais foi cogitada”, já que o animal não apresenta comportamento agressivo fora da situação de estresse extremo provocada pela entrada do rapaz na área restrita. Técnicos afirmam que Leona passou por um “nível elevado de estresse” no momento do ataque, mas está estável e sob observação contínua.

Em nota, o parque informou que veterinários, tratadores e especialistas estão dedicados “integralmente” ao bem-estar da leoa para que ela “fique bem, se estabilize emocionalmente e retome sua rotina com segurança”.

Parque fechado e investigação em andamento

Após o ataque, o Parque da Bica foi fechado para visitação. O Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB) anunciou a criação de uma comissão técnica para avaliar as condições estruturais e operacionais do local. Não há previsão de reabertura.

Uma segunda nota oficial reforçou que o espaço permanecerá fechado “até a conclusão das investigações e dos procedimentos oficiais”, com o objetivo de garantir a segurança de visitantes, funcionários e animais.

Segundo o parque e a Prefeitura de João Pessoa, o jovem invadiu “deliberadamente” o recinto ao escalar um paredão de seis metros, ultrapassar grades de segurança, subir em uma árvore e, em seguida, pular para dentro da área dos felinos. Imagens que circulam nas redes sociais mostram parte da ação e o ataque resultante.

Quem era o jovem

O rapaz morto foi identificado como Gerson de Melo Machado, conhecido como Vaqueirinho, de 19 anos. De acordo com o Conselho Tutelar, o jovem tinha transtornos mentais e havia passado por diferentes acolhimentos institucionais da cidade.

A conselheira tutelar Veronica Oliveira, que acompanhava o caso, afirmou que Gerson não recebeu o tratamento adequado, apesar das reiteradas solicitações do órgão. Segundo ela, o Estado classificava o comportamento dele como meramente problemático, e não como decorrente de um transtorno mental.

Em vídeo, ela questionou: “Será que alguém que entra na jaula de leão, que joga paralelepípedo no carro da polícia, tem problema comportamental? Não, isso não é só problema comportamental. Gerson precisava de tratamento, que não foi oferecido”.

Veronica relatou que o jovem era filho de mãe e avós esquizofrênicos e que sua trajetória incluía períodos de acolhimento. Para ela, a morte do rapaz expõe uma falha grave nas políticas públicas de saúde mental. “O Conselho Tutelar de Mangabeira não vai se calar. Nós lutamos muito tentando garantir os direitos de Gerson. O meu sentimento hoje é de revolta”, afirmou.


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