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Nordeste ganha projeto de trem de alta velocidade com foco em desenvolvimento sustentável

O livro "O Nordeste em Velocidade - Uma Necessidade que se Impõe" propõe uma reestruturação regional com foco no desenvolvimento sustentável e inovação

Obra da Ferrovia Transnordestina (Foto: Divulgação (Transnordestina Logística S/A))

247 - O lançamento do livro O Nordeste em Velocidade - Uma Necessidade que se Impõe é um marco na discussão sobre o futuro da região Nordeste do Brasil. A obra, que detalha um projeto inovador para a revitalização do transporte ferroviário no país, apresenta um conceito audacioso que vai muito além da simples implementação de um trem de alta velocidade. A proposta visa transformar a região em um polo de desenvolvimento sustentável e de alta tecnologia, capaz de impulsionar a economia e melhorar a qualidade de vida de seus habitantes.

De acordo com os autores do projeto, que inclui especialistas de renome como José Queiroz e Nilson Tadeu, a região Nordeste possui um conjunto único de características que a tornam ideal para esse tipo de investimento. "Vemos uma tríade perfeita surgir para o Nordeste brasileiro: as mudanças climáticas, as energias renováveis e um trem de velocidade movido a hidrogênio produzido na região", afirma José Queiroz, destacando a importância da transição energética global e o potencial da região para se tornar um protagonista nesse processo.

O projeto não se limita à construção de uma malha ferroviária moderna, mas propõe uma mudança geopolítica profunda para o Nordeste. De acordo com o Professor Luiz Felipe Serpa, outro idealizador da proposta, o Trem de Velocidade do Nordeste (TVN) será o principal vetor de desenvolvimento, interligando as nove capitais da região. "O TVN não é o fim, ele é o meio", explica, ressaltando que não existe projeto de alta velocidade sem uma política industrial robusta associada. Para ele, a iniciativa é comparável a grandes marcos da história brasileira, como a construção de Brasília e a Usina de Itaipu, que alteraram a dinâmica socioeconômica do país.

Desenvolvimento sustentável e inovação tecnológica

A proposta do TVN vai além do transporte: ela busca integrar diferentes políticas, como a industrial, a social e a turística, para criar um desenvolvimento sistêmico e harmônico. No campo industrial, o projeto propõe a criação de parques industriais ao longo do trajeto do trem, com foco em tecnologias de ponta e em indústrias sustentáveis. Já na esfera social, serão criados equipamentos como escolas, hospitais e centros de convivência, promovendo a melhoria da qualidade de vida nas comunidades ao longo da rota.

No setor turístico, o TVN permitirá um acesso rápido e eficiente às capitais nordestinas, tornando a região um destino atraente para turistas nacionais e internacionais. A integração de diversos destinos turísticos, como praias, centros históricos e ecossistemas naturais, promete impulsionar ainda mais o fluxo de visitantes e gerar emprego e renda para as cidades menores.

Um dos aspectos mais inovadores do projeto é a utilização de hidrogênio verde como combustível para o trem, aproveitando a abundância de fontes de energia renováveis da região. A ideia é que o TVN se torne um exemplo de sustentabilidade, alinhando inovação tecnológica com uma matriz energética limpa, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa.

Potencial de transformação para a região

Segundo Nilson Tadeu, o Nordeste possui todas as condições necessárias para receber um projeto dessa magnitude. "Com a geografia favorável, a topografia adequada e o potencial para uma neoindustrialização baseada no modal ferroviário, a região tem tudo para se tornar um dos maiores polos de desenvolvimento do Brasil", afirma.

Os estudos de viabilidade para o projeto estão sendo conduzidos por universidades do Nordeste, com a coordenação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A expectativa é que, após a conclusão dos estudos, o projeto seja implementado em fases, começando pelos trechos com maior viabilidade, como as rotas entre Salvador e Recife, Recife e Fortaleza, e Fortaleza e São Luís.

A união de forças públicas e privadas

Embora o valor do investimento ainda esteja sendo estimado, os autores do projeto acreditam que a parceria entre os governos federal e estaduais, juntamente com a iniciativa privada, será fundamental para sua concretização. "Em todo o mundo, grandes projetos de infraestrutura começaram com o apoio do governo e, depois, contaram com a participação do setor privado. Não será diferente aqui", pontua Francisco Gildemir Ferreira, outro dos idealizadores da proposta.

O entusiasmo pela atração de investidores nacionais e internacionais é palpável. A viabilidade do projeto também depende da capacidade da indústria brasileira de desenvolver a expertise necessária para a construção e operação de um sistema ferroviário de alta velocidade.

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