Em Minas, PL se aproxima do vice de Zema em busca de palanque competitivo
Sem nome forte para concorrer ao governo, PL quer um palanque para lançar candidato ao Senado
247 - O cenário político de Minas Gerais começa a se reorganizar para 2026, e a movimentação mais recente envolve a aproximação do PL com o vice-governador Mateus Simões (PSD). A mudança, destacada pela Folha de São Paulo, altera a correlação de forças dentro da direita mineira, que disputa espaço na sucessão estadual.
Lideranças do PL — que antes gravitaram mais intensamente em torno do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) — passaram a dividir agendas públicas com Simões, sucessor natural de Romeu Zema (Novo), que pretende deixar o cargo em abril para disputar a Presidência.
Nas conversas, pesa a favor do PL sua expressiva bancada de 87 deputados federais, responsável por garantir um dos maiores tempos de televisão em 2026. O partido pretende ampliar sua representação na Câmara e assegurar ao menos uma vaga competitiva ao Senado. Dentro desse cálculo, o nome de maior peso é o do deputado federal Nikolas Ferreira, o mais votado do país em 2022.
Disputa interna e cálculos para 2026
Com a esquerda ainda sem definição para a disputa ao governo mineiro, Simões e Cleitinho surgem como potenciais candidatos. Cleitinho lidera pesquisas de intenção de voto, mas afirma que só decidirá sua participação no próximo ano. O PL, que antes se inclinava à chapa do Republicanos, agora dá sinais de realinhamento em direção ao vice-governador.
A aproximação ficou evidente em publicações recentes das redes de Simões ao lado de Nikolas. Em um dos vídeos, o vice destaca requerimentos do deputado para obras no interior e afirma que serão atendidos. Em outro, ambos anunciam a destinação de R$ 1 milhão em emenda parlamentar para um estande de tiro do BOPE.
Embora frequentemente citado como potencial candidato ao governo, Nikolas voltou a negar interesse na disputa estadual. Em agenda pelo interior, justificou sua posição ao afirmar que uma eventual gestão poderia ser comprometida caso o presidente Lula (PT) fosse reeleito. "Eu tenho que pensar como meu inimigo. O que eu mais gostaria que o Nikolas fosse? Talvez seria como governador, né? Eu perco meu foro, poderia estar com o Ministério Público nas minhas costas, de forma injusta. E se for o Lula [presidente]? Vocês acham que a Presidência vai deixar eu tocar o estado da maneira que precisa?", afirmou.
Para o PL mineiro, a prioridade é manter Nikolas na Câmara, onde sua votação pode impulsionar a eleição de uma bancada ampliada. O partido também articula nomes para a disputa ao Senado, com Cristiano Caporezzo, Vile Santos, Eros Biondini e o deputado Domingos Sávio entre os cotados.
Alianças e tensões internas
Presidente estadual do PL, Sávio afirma que as articulações sobre candidaturas ainda não são prioridade, já que o foco atual é aprovar o projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. "O PL tem estrutura partidária, militância, bancadas de deputados, prefeitos, que dão condição para lançar candidato a governador e dois ao Senado, é diferente de um partido que não tem alternativa. Mas nós queremos ganhar a eleição, e uma aliança é fundamental [para isso]", disse.
A disputa interna na direita mineira começa a gerar efeitos colaterais. Em Divinópolis, base eleitoral de Cleitinho, a ausência do prefeito Gleidson Azevedo (Novo) — irmão gêmeo do senador — chamou atenção em evento recente do governo Zema. O deputado estadual Eduardo Azevedo (PL), outro membro da família, esteve presente. A possível candidatura de Gleidson à Câmara pode ser inviabilizada pelo embate crescente entre seu irmão e Simões.
A perspectiva de Cleitinho disputar o Executivo, antes considerada mais provável, agora perde força. Além da hesitação do senador em concorrer, pesam sobre o Republicanos as investigações envolvendo o presidente estadual da sigla, Euclydes Pettersen, suspeito de descontos indevidos em aposentadorias do INSS. Ele nega irregularidades e afirma colaborar com as autoridades.
À medida que 2026 se aproxima, o redesenho das alianças na direita mineira deverá definir quem ocupará o protagonismo na disputa pelo comando do segundo maior colégio eleitoral do país.



