Em pleno período de chuvas, Tarcísio reduz verba para combate a enchentes em 60%
A mudança ocorre em meio à diminuição geral do orçamento da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística
247 - O governo de São Paulo propôs uma redução significativa na verba destinada à “implementação de sistemas de drenagem e combate a enchentes” para 2026. A informação foi divulgada inicialmente pelo Metrópoles, que mostrou que o valor previsto cai de R$ 314 milhões, no orçamento de 2025, para R$ 120 milhões no próximo ano — uma diferença de R$ 194 milhões e um corte proporcional de 61,7%.
A mudança ocorre em meio à diminuição geral do orçamento da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), que terá uma queda de R$ 10,9 bilhões para R$ 8,7 bilhões, uma redução de quase 20%. O governo estadual afirma que o recuo se justifica pela conclusão de grandes obras, enquanto parlamentares da oposição criticam a decisão em meio à intensificação dos eventos climáticos extremos no estado.
Defesa do governo e obras concluídas
A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) alega que a baixa no orçamento reflete o fim de um ciclo de obras expressivas. Em nota, a Semil afirmou que intervenções como o piscinão de Jaboticabal — que sozinho consumiu R$ 120 milhões em 2025 —, a canalização do Córrego Antonico e o reservatório Franco Montoro já foram concluídas ou estão próximas disso.
A pasta afirma que 2026 marca o início de um “novo ciclo de investimentos”, com projetos como os piscinões do Córrego Tapera Grande, em Francisco Morato, e novas unidades em Mauá e Santo André. No entanto, segundo o órgão, essa fase inicial — que envolve licenciamento ambiental, elaboração de projetos e licitações — demanda menos recursos do que a execução das obras.
A secretaria também destacou programas complementares, como a PPP de R$ 9,5 bilhões para desassoreamento contínuo dos rios Tietê e Pinheiros, e ações regionais vinculadas ao programa Rios Vivos. “Os R$ 120 milhões previstos são compatíveis com o estágio das intervenções programadas”, afirmou a Semil, acrescentando que o orçamento pode ser suplementado ao longo do ano.
Críticas e tentativa de reversão
A proposta gerou reação na Assembleia Legislativa. A deputada Andrea Werner (PSB-SP), da oposição, apresentou uma emenda para recompor a verba da ação. Para ela, a redução não se sustenta diante da recorrência das enchentes e da necessidade de ampliar a infraestrutura preventiva. “Não podemos nos contentar com algumas obras apenas sendo concluídas, precisamos da ampliação da atenção e dos recursos destinados ao tema”, afirmou. Segundo a parlamentar, sua emenda busca “corrigir ainda que minimamente essas distorções”.
O relator da PLOA de 2026, deputado Alex de Madureira (PL-SP), rebateu as críticas e afirmou que elas fazem parte de “narrativa da oposição”. Ele defende que o orçamento contempla outras iniciativas relevantes, como o reforço da Defesa Civil.
Previsão climática aponta risco maior
A preocupação com a redução orçamentária é reforçada por um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgado em janeiro. A pesquisa prevê aumento de 20% a 30% na frequência de tempestades severas na próxima década em São Paulo e no Rio de Janeiro, especialmente entre setembro e abril.
Próximos passos
O Orçamento 2026, que recebeu mais de 31 mil emendas, deve ser votado até 16 de dezembro. Caso seja aprovado sem alterações nesse ponto, a verba destinada especificamente à drenagem e ao combate a enchentes começará 2026 com sua menor previsão em anos recentes, a depender de suplementações posteriores.
A discussão promete se intensificar nas próximas semanas, diante dos avanços do período de chuvas e da crescente pressão de especialistas e parlamentares para que o estado fortaleça medidas preventivas contra enchentes.



