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Funcionários terceirizados da Enel são flagrados fazendo dancinha na Av. Paulista em meio à crise de energia em SP (vídeo)

Vídeo gravado por empresa contratada gerou repercussão nas redes em meio à crise de energia que deixou milhares de imóveis sem luz por dias

Enel (Foto: Divulgação)

247 - Em meio à grave crise de abastecimento de energia elétrica que atinge a Grande São Paulo desde a última quarta-feira (10), funcionários de uma empresa terceirizada da concessionária Enel foram flagrados dançando na Avenida Paulista, em frente ao Masp e ao Parque Trianon. As imagens, registradas por pedestres na manhã de sexta-feira (12), rapidamente se espalharam pelas redes sociais e causaram indignação.

A informação foi divulgada pelo portal g1. No vídeo, aparecem três homens vestindo uniformes com a identificação “a serviço da Enel”, enquanto gravam um conteúdo de fim de ano para a empresa STN, terceirizada da concessionária de energia. Ao fundo, é possível ouvir uma música com a letra: “segurança é nossa missão, dedicação sem fim, sem razão. Trazendo aos clientes um presente para as famílias, vida decente”.

À época da gravação, a região metropolitana de São Paulo enfrentava um dos piores apagões dos últimos anos, com mais de 2,2 milhões de consumidores afetados em algum momento ao longo da semana. A crise foi provocada por um forte vendaval que atingiu a capital e cidades vizinhas na madrugada e manhã do dia 10.

Reação da terceirizada e da concessionária

Após a repercussão negativa das imagens, a STN se manifestou publicamente e afirmou que o vídeo foi gravado fora de contexto, reconhecendo a inadequação da ação diante da situação enfrentada pela população paulistana.

“As imagens foram gravadas no contexto de uma captação de conteúdo interno de fim de ano da STN, por fornecedor contratado, e não envolvia profissionais que atuavam em atividades operacionais da Enel”, disse a empresa.

Em outro trecho do posicionamento, a terceirizada afirmou: “A STN tomou conhecimento do material apenas após sua circulação nas redes sociais e lamenta o ocorrido. A companhia reconhece a inadequação do contexto diante da situação enfrentada na cidade de São Paulo. As devidas providências já estão sendo adotadas internamente”.

Procurada, a Enel informou que acionou a empresa terceirizada para que sejam tomadas as medidas cabíveis em relação ao episódio.

Crise de energia chega ao quinto dia

Neste domingo (14), a crise de energia completou cinco dias. Segundo balanço divulgado pela Enel, até as 6h49, cerca de 176 mil endereços ainda estavam sem fornecimento de energia elétrica em sua área de concessão. Somente na capital paulista, ao menos 134 mil imóveis permaneciam no escuro.

Na noite de sexta-feira (12), a Justiça de São Paulo determinou que a concessionária restabeleça imediatamente o fornecimento de energia aos consumidores prejudicados pelo apagão. A decisão estabelece multa de R$ 200 mil por hora em caso de descumprimento.

A ordem judicial prevê prazo máximo de quatro horas para religação em locais considerados prioritários, como unidades hospitalares, serviços de saúde, eletrodependentes, delegacias, presídios, creches, escolas, sistemas de abastecimento de água e espaços que concentrem pessoas vulneráveis. Para os demais consumidores, o prazo estipulado é de até 12 horas após a notificação da empresa.

A Enel informou que ainda não havia sido intimada formalmente da decisão judicial, mas declarou que “segue trabalhando de maneira ininterrupta para restabelecer o fornecimento de energia ao restante da população que foi afetada pelo evento climático”.

Ação do Ministério Público e histórico de falhas

A ação judicial foi movida pelo Ministério Público de São Paulo e pela Defensoria Pública do Estado, que também solicitaram a apresentação de um relatório detalhado sobre as interrupções, com a lista de unidades afetadas. Segundo os órgãos, o serviço prestado pela concessionária apresenta falhas recorrentes e não atende aos critérios de adequação, eficiência e continuidade.

De acordo com a petição, a Enel também falhou ao não fornecer informações claras à população sobre a previsão de restabelecimento da energia. Os órgãos sustentam ainda que eventos climáticos como chuvas e ventos fortes não podem ser tratados como situações imprevisíveis, uma vez que são recorrentes nesta época do ano.

A coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa do Consumidor (Nudecon), defensora pública Estela Waksberg Guerrini, destacou a importância de os consumidores reunirem provas dos prejuízos sofridos. “Orientação prática: guardar provas, como documentos e fotos dos danos causados pelo tempo em que o consumidor ficou sem energia. Guardar nota fiscal de compras para pedir indenização por dano material”, afirmou.

Entre os dias 10 e 12, o Procon-SP registrou 534 reclamações contra a Enel, sendo 371 diretamente relacionadas aos impactos do vendaval. A concessionária já foi alvo de outras ações judiciais por interrupções prolongadas no fornecimento de energia, incluindo um processo iniciado em dezembro de 2023, que segue suspenso à espera de decisão do Superior Tribunal de Justiça.