Nunes se distancia de Bolsonaro e diz não entender a queima da tornozeleira
Ao comentar o episódio, Nunes disse não compreender o que levou Bolsonaro a queimar o equipamento de monitoramento
247 – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), alterou significativamente seu discurso sobre Jair Bolsonaro (PL) depois da divulgação das imagens que mostram os danos provocados na tornozeleira eletrônica do ex-presidente. As declarações foram dadas na noite desta segunda-feira (24), durante um evento no hotel Palácio Tangará, segundo informou a Folha de S. Paulo.
No sábado, antes que o vídeo viesse a público, Nunes havia defendido Bolsonaro e afirmado que ele “sempre cumpriu suas obrigações com a Justiça”. Com a repercussão do material que mostra a tentativa de danificar o equipamento, o prefeito passou a adotar uma postura mais cautelosa e se distanciou da defesa inicial.
“É difícil entender”, afirma prefeito ao citar saúde e tensão psicológica
Ao comentar o episódio, Nunes disse não compreender o que levou Bolsonaro a queimar o equipamento de monitoramento. Segundo ele, a situação poderia estar relacionada ao estado emocional e ao uso de medicamentos pelo ex-presidente, que tem 70 anos.
“É difícil entender o que uma pessoa na idade dele está passando, os problemas de saúde. O que eu vi pela imprensa, que reproduziu a versão dele, é que estava sob efeito de medicamento”, afirmou.
O prefeito declarou também que não se sente em condições de julgar completamente o episódio, já que não presenciou o momento. Na sequência, voltou a mencionar o estresse vivido por Bolsonaro, destacando que a situação é “emocionalmente difícil”, embora isso não represente justificativa.
Foi a primeira fala pública de Nunes depois do surgimento das imagens, que confirmam os danos admitidos por Bolsonaro e que pesaram na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao determinar sua prisão.
Nunes descarta candidatura e reforça apoio a Tarcísio em 2026
Durante o mesmo evento, Nunes voltou a tratar do cenário eleitoral e disse que não pretende disputar a eleição de 2026. Ele reafirmou que estará ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), seja na busca pela reeleição ao governo paulista ou numa candidatura presidencial.
O prefeito elogiou Tarcísio e destacou sua capacidade de gestão, lembrando que o governador reúne qualidades administrativas e sensibilidade social. Seu próprio nome havia sido cogitado como alternativa para a sucessão estadual, mas perdeu força após críticas feitas pelo vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL), aliado de Bolsonaro.
Para Nunes, o nome natural para a disputa ao governo paulista é o do vice-governador Felício Ramuth, desde que haja diálogo com os demais partidos.
Governadores reagem e expõem divisões internas à direita
O encontro no Palácio Tangará reuniu também governadores que comentaram o impacto da prisão de Bolsonaro. O gaúcho Eduardo Leite (PSD) avaliou que a tentativa de danificar a tornozeleira justifica a prisão do ex-presidente do ponto de vista legal, embora lamente o ambiente de polarização política que se intensifica no país.
O mineiro Romeu Zema (Novo) reforçou solidariedade a Bolsonaro e disse que a direita deve lançar mais de um nome à Presidência em 2026. Na sua avaliação, governadores bem avaliados ampliam o espaço para candidaturas competitivas no campo conservador. Ele afirmou ainda que a rapidez na prisão reforça a percepção de perseguição política, insistindo que a divulgação do vídeo não mudou sua análise.



