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Polícia mira rede de barricadas em ofensiva contra o Comando Vermelho

Operação bloqueia R$ 217 milhões e interdita ferros-velhos usados para financiar o crime

Operação policial no Rio de Janeiro - 28 de outubro de 2025 (Foto: Reuters)

247 - A Polícia Civil realiza nesta terça-feira (18) uma nova fase da Operação Contenção, voltada ao desmonte da estrutura financeira que sustenta a expansão territorial do Comando Vermelho. De acordo com o jornal O Globo, a ofensiva concentra-se em um esquema ligado à instalação de barricadas usadas pela facção para restringir a circulação de moradores e dificultar o acesso de serviços essenciais.

Um dos principais alvos é o homem identificado como o “Mentor de Barricadas”, apontado como responsável por financiar e fornecer materiais para a construção dessas barreiras. Até o início da manhã, o "Bom Dia Rio", da TV Globo, havia confirmado a prisão de 15 suspeitos.

As investigações revelam que parte dos recursos destinados à manutenção das barricadas provinha da receptação e venda irregular de cobre e outros metais furtados. No total, a operação cumpre 41 mandados de prisão e de busca e apreensão, além de promover o bloqueio de R$ 217 milhões em bens e ativos. Oito ferros-velhos que, segundo a polícia, serviam ao Comando Vermelho, foram interditados. As ações ocorrem no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Participam da operação equipes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do Bope e de unidades do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE). Para o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, a ofensiva busca desidratar financeiramente o grupo criminoso. "Essa fase da ‘Operação Contenção’ representa um golpe direto na espinha estrutural e econômica do Comando Vermelho, visando asfixiar financeiramente a facção e restringir sua capacidade de domínio territorial", afirmou.

As apurações indicam que ferros-velhos associados ao tráfico funcionavam como centros de lavagem de dinheiro e suporte logístico. Além de financiar a instalação de barricadas, esses estabelecimentos seriam usados para manter equipes de vigilância armada e sustentar pontos de venda de drogas em regiões da Zona Norte, Baixada Fluminense e municípios da Região Metropolitana.

As análises conduzidas pela DRF apontaram movimentação ilegal superior a R$ 217 milhões — valor incompatível com o porte declarado pelos responsáveis. Por isso, a Justiça autorizou o bloqueio integral de contas, o sequestro de imóveis de luxo no Recreio dos Bandeirantes usados para blindagem patrimonial, a apreensão de veículos de alto padrão ligados ao núcleo financeiro da quadrilha e o afastamento compulsório dos sócios para impedir a continuidade das atividades ilícitas.

O “Mentor de Barricadas” se apresentava como empresário do setor de reciclagem, porém, segundo as investigações, atuava como o principal articulador financeiro da organização. Ele seria o elo entre os ferros-velhos e o tráfico, abastecendo a facção com recursos e materiais para erguer e reforçar as barreiras que dificultam ações policiais e consolidam o controle territorial do Comando Vermelho.

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