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Chinesa Sinovac firma parcerias para impulsionar produção de vacinas no Brasil com investimento de US$ 100 milhões

Acordos assinados em São Paulo incluem transferência completa de tecnologia

Chinesa Sinovac firma parcerias para impulsionar produção de vacinas no Brasil com investimento de US$ 100 milhões (Foto: Reuters)

247 – A farmacêutica chinesa Sinovac Biotech formalizou sua entrada definitiva no complexo industrial da saúde brasileiro ao assinar duas Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) nesta segunda-feira, em São Paulo.

As informações foram publicadas originalmente pelo Brazil Stock Guide, que destacou que os acordos foram anunciados durante a plenária do GECEIS, no Hospital Albert Einstein, e ancoram um plano de investimento de US$ 100 milhões (cerca de R$ 560 milhões).

Os novos compromissos inserem a Sinovac diretamente na cadeia produtiva do Programa Nacional de Imunizações (PNI), fortalecendo a produção local de vacinas de alto impacto para o SUS — especialmente as imunizações contra raiva humana e varicela, consideradas estratégicas para a saúde pública.

Parceria com Tecpar retoma produção nacional de vacina antirrábica

Um dos pontos centrais dos acordos é a retomada da produção brasileira da vacina contra a raiva, hoje totalmente importada.

A PDP firmada com o Tecpar — o instituto público de tecnologia do Paraná — prevê transferência integral de tecnologia e a construção de um novo campus produtivo em Maringá, reposicionando o estado como polo de biotecnologia e inovação.

 “Estamos comprometidos em trazer tecnologias confiáveis e parcerias de longo prazo que atendam às reais necessidades do Brasil”, afirmou Weining Meng, vice-presidente da Sinovac para a América Latina.

A parceria recoloca o Tecpar no centro da indústria pública de vacinas, reativando uma linha de produção que havia desaparecido do cenário nacional e abrindo espaço para futuras plataformas de biomanufatura.

Varicela passa a ser internalizada no parque fabril nacional

O segundo acordo avança na produção local da vacina de varicela, ampliando a autonomia brasileira em imunizantes de alta demanda. Com isso, o país reduz a exposição às instabilidades das cadeias globais e expande sua capacidade de resposta em situações de emergência sanitária.

Cooperação Brasil–China entra em nova fase

Os acordos encerram um ciclo iniciado há um ano, quando o vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu com a liderança da Sinovac em Pequim e manifestou o interesse do governo brasileiro em reconstruir capacidades industriais essenciais após as fragilidades expostas pela pandemia.

A presença de ministros, dirigentes regulatórios e representantes da OMS no anúncio reforçou o peso político e estratégico da iniciativa.

A Sinovac, que já comercializa no Brasil vacinas de pólio, varicela e hepatite A, sobe agora de fornecedora para produtora local estratégica e parceira de transferência tecnológica — passo decisivo para a reindustrialização do setor.

O que está em jogo

A chegada da Sinovac ao ecossistema industrial do SUS provoca três transformações estruturais:

1. Redução da dependência externa

O Brasil recupera a capacidade de produzir a vacina antirrábica e internaliza a fabricação de varicela, reforçando sua segurança sanitária.

2. Criação de uma nova plataforma biotecnológica

Os investimentos abrem espaço para atrair novos projetos e tecnologias, expandindo o parque industrial de saúde.

3. Avanço da cooperação Brasil–China

O movimento aprofunda a parceria bilateral em um setor considerado sensível e estratégico globalmente.

Impacto competitivo no cenário nacional

No médio prazo, as PDPs podem recolocar o Brasil entre os principais produtores de vacinas da América Latina e pressionar a concorrência com instituições de referência, como Fiocruz e Instituto Butantan, estimulando modernização, inovação e ampliação de capacidades.

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