Grupo de direitos humanos acompanha ação da Corregedoria após chacina no Rio
Segundo Dani Monteiro, 'mais da metade das câmeras corporais das unidades envolvidas não funcionavam' no dia da ação policial mais letal da história do Rio
247 - A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), presidida pela deputada Dani Monteiro (Psol), acompanha a operação deflagrada pela Corregedoria da Polícia Militar para prender agentes do Batalhão de Choque suspeitos de crimes durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, realizada em 28 de outubro. Pelo menos 121 pessoas morreram na ação policial mais letal da história do estado.
De acordo com a deputada, “os indícios revelados pelas câmeras corporais, incluindo o furto de um fuzil possivelmente destinado à revenda para criminosos, segundo as investigações, apenas confirmam o que a CDDHC alertava desde aquela manhã sangrenta: além do número inaceitável de mortes, a operação foi marcada por graves violações e por práticas incompatíveis com qualquer política de segurança pública responsável”.
“É preocupante o fato de que mais da metade das câmeras corporais das unidades envolvidas não estava funcionando naquele dia, o que cria lacunas graves na transparência e dificulta o controle externo da atividade policial. As câmeras e a perícia são ferramentas essenciais para garantir responsabilização e respeito à dignidade humana, e precisam ser levadas com seriedade com urgência”.
A deputada destaca que a Comissão atuou e ainda atua incansavelmente no território, onde colheu denúncias, acompanhou famílias e oficiou órgãos com pedidos de transparência e preservação de provas. Todo esse material foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, em reunião em Brasília (DF) no início do mês, no âmbito da ADPF 635, na qual a CDDHC atua como amicus curiae. Uma das principais demandas apresentadas pelos amici tem sido a federalização das investigações.
“É fundamental que essa investigação avance com rigor e sem interferências. A responsabilização individual é necessária, mas não suficiente. O Estado precisa reconhecer e corrigir suas falhas estruturais, revendo o modus operandi dessas ações. Esta atuação da Corregedoria é um passo importante nessa construção, especialmente quando falamos das vidas de moradores de favelas, que devem ser tratadas com a mesma seriedade e valor que qualquer outro CEP”.



