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Corregedoria prende 5 PMs por crimes na chacina da Penha e do Alemão

Ação interna mira desvios durante operação, com foco no furto de arma e outras irregularidades

Operação policial no Rio de Janeiro (Foto: Reuters)

247 - Uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro resultou na prisão de cinco agentes do Batalhão de Choque, suspeitos de envolvimento em crimes durante a megaoperação realizada na Penha e no Complexo do Alemão, na capital fluminense. A apuração teve como base imagens de câmeras corporais utilizadas pelos próprios militares.

Segundo o g1, a Corregedoria identificou possíveis ilegalidades, entre elas o furto de um fuzil que, segundo indícios colhidos pelos investigadores, seria revendido a grupos criminosos. Ao todo, dez policiais estão sob investigação, e os outros cinco, que não foram presos, tiveram endereços vistoriados. A identificação dos envolvidos não foi revelada.

A investigação está a cargo da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), responsável por analisar o material colhido e conduzir os procedimentos disciplinares e criminais. A corporação reforçou que a operação faz parte do esforço interno para monitorar condutas e punir eventuais desvios.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro acompanha a operação desta sexta-feira. Segundo a presidente da comissão, deputada Dani Monteiro (Psol), “os indícios revelados pelas câmeras corporais, incluindo o furto de um fuzil possivelmente destinado à revenda para criminosos, segundo as investigações, apenas confirmam o que a CDDHC alertava desde aquela manhã sangrenta: além do número inaceitável de mortes, a operação foi marcada por graves violações e por práticas incompatíveis com qualquer política de segurança pública responsável. É preocupante o fato de que mais da metade das câmeras corporais das unidades envolvidas não estava funcionando naquele dia, o que cria lacunas graves na transparência e dificulta o controle externo da atividade policial. As câmeras e a perícia são ferramentas essenciais para garantir responsabilização e respeito à dignidade humana, e precisam ser levadas com seriedade e urgência”.

A parlamentar ainda afirma que a comissão tem atuado sobre as denúncias recebidas em relação à chacina e oficiou órgãos com pedidos de transparência e preservação de provas. Todo esse material foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em reunião em Brasília no início do mês.

“É fundamental que essa investigação avance com rigor e sem interferências. A responsabilização individual é necessária, mas não suficiente. O Estado precisa reconhecer e corrigir suas falhas estruturais, revendo o modus operandi dessas ações. É essencial relembrar que a democracia só se fortalece com controle externo, transparência e respeito aos direitos fundamentais. Esta atuação da Corregedoria, neste momento, é um passo importante nessa construção, especialmente quando falamos das vidas de moradores de favelas, que devem ser tratadas com a mesma seriedade e valor que qualquer outro CEP”, conclui a parlamentar.

Em nota oficial, a Polícia Militar afirmou que não tolera irregularidades. No comunicado, divulgado pela Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, a corporação declarou: "A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que a Corregedoria-Geral da Corporação iniciou, nesta sexta-feira (28/11), uma operação decorrente de investigações realizadas a partir da análise das imagens das Câmeras Operacionais Portáteis utilizadas pelos policiais militares no dia 28/10. Na ação, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão e dez mandados de busca e apreensão. Ao todo, dez policiais militares do Batalhão de Polícia de Choque são alvos da operação. As investigações estão sob responsabilidade da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), que identificou indícios de cometimento de crimes militares no decorrer do serviço. O comando da corporação reitera que não compactua com possíveis desvios de conduta ou cometimento de crimes praticados por seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos".

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