247 - O Canadá e os países do Mercosul intensificaram as tratativas para concluir um acordo de livre comércio até o fim de 2026, em um cenário internacional marcado pelo recrudescimento do protecionismo e pela busca de novos parceiros comerciais fora do eixo tradicional. A movimentação ocorre após a reativação formal das negociações, interrompidas nos últimos anos, e reflete uma estratégia de diversificação diante das medidas adotadas por Washington.
As informações foram publicadas pelo Financial Times, que acompanhou as discussões e ouviu autoridades diretamente envolvidas no processo. Segundo o jornal britânico, o avanço das conversas foi impulsionado pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a parceiros estratégicos, incluindo Canadá e Brasil.
As negociações foram retomadas em outubro, reabrindo um diálogo iniciado em 2018 e suspenso três anos depois, em meio à pandemia de Covid-19. Naquele período, o Canadá já enfrentava tensões comerciais relevantes durante a primeira administração de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. Agora, autoridades dos dois lados indicam disposição para acelerar o cronograma e alcançar um entendimento considerado viável.
O ministro de Comércio Internacional do Canadá, Maninder Sidhu, afirmou que o governo trabalha com a meta de concluir o acordo já no próximo ano. “Junto com nossos parceiros, estamos trabalhando ativamente para concluir essas negociações no próximo ano”, disse o ministro, que esteve em Brasília em agosto. A expectativa foi confirmada por outros dois funcionários de países envolvidos nas tratativas, segundo o Financial Times.
O Mercosul é composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, com a Bolívia em processo de adesão como membro pleno. O bloco reúne alguns dos principais exportadores globais de commodities agrícolas e minerais, como soja, petróleo bruto, minério de ferro e carne bovina, produtos centrais nas pautas de exportação dos países-membros.
Entre os integrantes do Mercosul, o Brasil concentra o maior volume de comércio de bens com o Canadá, que somou US$ 12,7 bilhões em 2024. Ainda assim, esse fluxo representa apenas uma pequena parcela dos mais de US$ 760 bilhões em mercadorias negociadas anualmente entre Canadá e Estados Unidos, evidenciando a forte dependência canadense do mercado norte-americano.
De acordo com fontes com conhecimento direto das discussões, a política comercial “América Primeiro”, adotada por Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, teve papel decisivo na revitalização do diálogo entre Canadá e Mercosul. Ottawa foi atingida por tarifas rigorosas em setores altamente integrados às cadeias produtivas dos EUA, como madeira serrada, aço, alumínio e a indústria automobilística.
O Brasil também sofreu impactos. Em 2025, Washington impôs uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros, embora posteriormente tenha retirado as taxas de diversos itens alimentícios. Esse ambiente reforçou, segundo autoridades, a necessidade de ampliar acordos comerciais fora do mercado norte-americano.
A ministra da Indústria do Canadá, Mélanie Joly, afirmou ao Financial Times que o país busca novos acordos como parte de uma estratégia de diversificação. “Temos muitos desses acordos que são bons no papel, mas nossas empresas não estão necessariamente exportando para essas diferentes jurisdições, esses diferentes mercados, então precisamos fazer mais disso”, declarou.
Apesar do discurso oficial, há ceticismo entre especialistas. O advogado canadense de comércio internacional Barry Appleton avalia que a sobreposição das pautas de exportação pode dificultar um acordo amplo. “Um dos problemas é que o Mercosul e o Canadá competem para comercializar muitos dos mesmos produtos primários nos mercados globais”, afirmou. Para ele, o Canadá tem sido “muito lento” em aproveitar oportunidades relevantes na América Latina.
Segundo uma pessoa diretamente envolvida nas negociações, a proposta em discussão prevê tarifa zero para a maioria dos bens. Desde a reunião entre os principais negociadores em outubro, grupos de trabalho passaram a tratar de temas específicos, como tarifas, pequenas e médias empresas e regras antidumping. “Há uma videoconferência quase todos os dias”, disse o funcionário, sob condição de anonimato, acrescentando que novos encontros presenciais são esperados para o início de 2026.
Outro representante resumiu a abordagem adotada nas conversas: “A prioridade é conseguir algo viável rapidamente. Não precisa ser abrangente”. O avanço do diálogo com o Canadá ocorre enquanto o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia segue pendente, após novo adiamento motivado por protestos de agricultores europeus. Bruxelas informou que espera assinar esse tratado em janeiro.

Luis Mauro Filho

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, discursa no Victoria Edelweiss Club durante sua campanha eleitoral do Partido Liberal em Victoria, Colúmbia Britânica, Canadá, em 6 de abril de 2025

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Brasil

Canadá e Mercosul aceleram acordo de livre comércio

247 - A Índia e o Reino Unido assinaram nesta quinta-feira (24), em Londres, um amplo acordo de livre comércio que pode redefinir as relações econômicas entre os dois países. A assinatura ocorreu durante um encontro entre o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o premiê britânico Keir Starmer. De acordo com a BBC, o pacto é considerado por Starmer como “o maior e mais economicamente significativo” desde a saída do Reino Unido da União Europeia.
“Estou encantado que, após anos de muito trabalho, nossas duas nações tenham assinado o Acordo Abrangente de Comércio e Economia”, celebrou Modi. Segundo ele, a medida “impulsionará setores-chave, como têxteis, calçados, joias e pedras preciosas, frutos do mar e bens de engenharia”.
Redução de tarifas e ampliação do comércio
Entre os principais pontos do tratado está a redução da tarifa média de importação indiana sobre produtos britânicos, que passará de 15% para 3%. Isso deve tornar bens como gin, uísque, equipamentos eletrônicos, dispositivos médicos, cosméticos, chocolates e carros de luxo mais baratos no mercado indiano.
A Índia também garantirá acesso isento de tarifas para cerca de 99% de suas exportações ao Reino Unido, o que, segundo o ministro do Comércio da Índia, Piyush Goyal, poderá liberar aproximadamente US$ 23 bilhões em oportunidades para setores intensivos em mão de obra. “Este é o início de uma nova era de crescimento inclusivo e com igualdade de gênero”, escreveu Goyal em publicação na plataforma X (antigo Twitter).
Em 2024, o comércio bilateral entre os dois países somou US$ 57,7 bilhões. O objetivo agora é dobrar esse valor até 2030, alcançando US$ 120 bilhões, conforme dados do UK Trade and Investment.
Serviços, talentos e segurança social
O pacto também promete benefícios importantes para o setor de serviços da Índia, como os de tecnologia da informação (TI), serviços financeiros, consultoria profissional, arquitetura, engenharia e educação. Outro ponto de destaque é a isenção de contribuições previdenciárias para profissionais indianos em missão temporária no Reino Unido por até três anos — uma medida que pode facilitar a circulação de talentos.
“Chefs, instrutores de ioga, músicos e visitantes de negócios serão beneficiados, o que avança nossa visão de nos tornarmos um polo global de talentos”, acrescentou Goyal.
Trâmites pendentes e expectativa de implementação
O acordo já foi aprovado pelo gabinete indiano, mas ainda depende da ratificação do Parlamento britânico. A expectativa, segundo a BBC, é de que ele leve ao menos um ano para entrar plenamente em vigor.

Primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi caminham em Chequers, perto de Aylesbury, Inglaterra, quinta-feira, 24 de julho de 2025. 

Economia

Acordo de livre comércio entre Índia e Reino Unido é o maior desde o Brexit, diz Keir Starmer

247 - A Cúpula do Mercosul irá assinar nesta quarta-feira (2) na Argentina, um novo acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e os países do Efta (Associação Europeia de Livre Comércio), composto por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. A informação é da Folha de S.Paulo.
A parceria é considerada estratégica pelo governo brasileiro, que calcula a abertura de um mercado avaliado em cerca de US$ 4 trilhões, com impactos significativos sobretudo para as exportações nacionais. Segundo técnicos do governo envolvidos nas negociações, o pacto é visto como oportunidade para ampliar o acesso a produtos brasileiros, inclusive os voltados à inovação e tecnologia industrial.
As tratativas com o Efta se arrastavam desde 2019 e enfrentaram obstáculos similares aos enfrentados no acordo entre <a href="https://www.brasil247.com/search?term=Mercosul+">Mercosul </a>e União Europeia: os países europeus exigiram garantias na área ambiental. Apesar das dificuldades, a assinatura foi considerada um avanço diplomático importante em meio a um cenário internacional marcado por crescentes barreiras comerciais.
O Brasil buscou aproveitar o contexto internacional e pressionou por maior abertura do mercado europeu às compras governamentais, um dos pontos de maior interesse nacional. A medida permitiria ao país expandir suas políticas industriais internas, especialmente em setores de alto valor agregado.
Ainda segundo os relatos técnicos, a conjuntura internacional impulsionada pelas políticas comerciais adotadas pelo presidente dos <a href="https://www.brasil247.com/search?term=Estados+Unidos">Estados Unidos</a>, Donald Trump — com destaque para o aumento das barreiras tarifárias —, influenciou a decisão dos países do Efta de acelerar a conclusão do acordo com os sul-americanos.

Participantes das negociações entre Mercosul e a Efta (Associação Europeia de Livre Comércio) - 01/07/2025

Mundo

Mercosul firmará acordo de livre comércio com países do Efta após cinco anos de negociações

Reuters - Grã-Bretanha e Índia firmaram um pacto de livre comércio há muito cobiçado nesta terça-feira (6), depois que a turbulência tarifária desencadeada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, forçou os dois lados a acelerar os esforços para aumentar seu comércio de uísque, carros e alimentos.
O acordo, entre a quinta e a sexta maiores economias do mundo, foi concluído após três anos de negociações intermitentes e visa aumentar o comércio bilateral em mais 25,5 bilhões de libras (US$ 34 bilhões) até 2040.
O primeiro-ministro indiano, <a href="https://www.brasil247.com/search?term=Narendra+Modi">Narendra Modi</a>, afirmou que o acordo comercial é "ambicioso e mutuamente benéfico". Já o homólogo britânico, Keir Starmer, disse que a aliança fortalecida reduziria as barreiras comerciais em uma "nova era para o comércio".
As tarifas de Trump levaram países ao redor do mundo a redobrar esforços para buscar novos parceiros comerciais, e pessoas familiarizadas com as negociações entre o Reino Unido e a Índia disseram que a turbulência aumentou o foco para fechar um acordo.
O acordo, que reduzirá tarifas sobre produtos como uísque, permitirá que empresas britânicas concorram por contratos indianos e que trabalhadores indianos trabalhem mais facilmente na <a href="https://www.brasil247.com/search?term=Gr%C3%A3-Bretanha">Grã-Bretanha</a>, é significativo para ambas as economias.
Isso marca a abertura dos mercados há muito tempo guardados pela Índia, incluindo o de automóveis, dando um exemplo precoce da provável abordagem da nação sul-asiática ao lidar com grandes potências ocidentais, como os EUA e a União Europeia.
Ele também representa o acordo comercial mais significativo da Grã-Bretanha desde que deixou a UE em 2020, embora o aumento projetado para a produção econômica britânica a partir do acordo, de 4,8 bilhões de libras por ano até 2040, seja pequeno em comparação ao produto interno bruto do país de 2,6 trilhões de libras em 2024.
O Ministério do Comércio da Índia disse que 99% das exportações indianas se beneficiariam de imposto zero sob o acordo, incluindo têxteis, enquanto a Grã-Bretanha verá reduções em 90% de suas linhas tarifárias.
<h3>Parar-iniciar</h3>
As negociações sobre um acordo de livre comércio entre a <a href="https://www.brasil247.com/search?term=%C3%8Dndia+">Índia </a>e a Grã-Bretanha foram iniciadas inicialmente em janeiro de 2022 e se tornaram um símbolo das esperanças da Grã-Bretanha em sua política comercial independente após o Brexit.
Mas as negociações foram interrompidas, com a Grã-Bretanha tendo quatro primeiros-ministros diferentes desde a data de lançamento e eleições em ambos os países no ano passado.
O Partido Trabalhista britânico, eleito em julho passado , agiu rapidamente para concluir um acordo após reiniciar as negociações em fevereiro, com conversas de última hora entre os ministros do comércio dos países em Londres na semana passada sendo suficientes para fechá-lo.
A Confederação da Indústria Britânica (CBI) disse que o acordo era um "farol de esperança em meio ao espectro do protecionismo".
As tarifas sobre uísque serão reduzidas pela metade, de 150% para 75%, antes de caírem para 40% no 10º ano do acordo, enquanto as tarifas sobre automóveis cairão de mais de 100% para 10% em um sistema de cotas.
A Scotch Whisky Association disse que o acordo seria "transformador" para a indústria e o órgão da indústria automobilística do Reino Unido, SMMT, disse que apreciou o esforço considerável dos negociadores, apesar dos aparentes compromissos feitos.
Os governos não publicaram o texto do acordo, que está sujeito a verificações legais, assinatura e ratificação. Modi convidou Starmer para uma ida à Índia em uma ligação telefônica comemorando a conclusão das negociações substantivas.
O acordo abrange regras de regulamentação de origem, dando aos fabricantes acesso a tarifas mais baixas mesmo se eles usarem insumos de outros lugares e inclui disposições sobre aquisição, permitindo que empresas britânicas concorram por mais contratos na Índia.
<h3>MOBILIDADE EMPRESARIAL</h3>
Enquanto Starmer busca gerar crescimento, oponentes políticos criticaram o acordo pelas disposições sobre mobilidade empresarial e previdência social em meio à preocupação pública com a imigração.
O acordo de livre comércio prevê mobilidade mais fácil para certos profissionais, enquanto que, sob um pacto separado, os trabalhadores não precisam mais fazer contribuições para a previdência social na Índia e na Grã-Bretanha durante destacamentos temporários no outro país.
Kemi Badenoch, ex-ministra do Comércio que agora lidera o Partido Conservador de oposição, disse que se recusou a assinar um acordo semelhante por causa das exigências da Índia sobre pedidos de visto e previdência social.
O ministro do Comércio britânico, Jonathan Reynolds, disse que o pacto de seguridade social criou condições equitativas para a Índia e enfatizou que a Grã-Bretanha rejeitou pedidos de mais vistos para estudantes durante as negociações.
"O acordo que firmamos não tem impacto no sistema de imigração", disse Reynolds aos repórteres, dizendo que houve apenas "mudanças modestas" na mobilidade empresarial.
Ele disse que o acordo envolvia obter certeza para os serviços em relação às regulamentações que eles enfrentavam, mas os esforços para incluir serviços jurídicos no acordo não obtiveram sucesso.
Enquanto isso, os serviços financeiros serão abrangidos pelas negociações sobre um tratado bilateral de investimento. Embora as negociações sobre esse tratado tenham sido conduzidas paralelamente às negociações de livre comércio, as divergências persistem e, portanto, as negociações continuarão.
Nenhum dos governos mencionou o Mecanismo de Ajuste de Fronteira de Carbono (CBAM) do Reino Unido, que poderia cobrar impostos mais altos sobre poluidores a partir de 2027 — uma política da qual a Índia havia buscado isenção como parte das negociações.
($1 = 0,7472 libras)
Reportagem de Shivangi Acharya em Nova Déli e Alistair Smout em Londres; reportagem adicional de Sachin Ravikumar, Muvija M e Emma Rumney em Londres e Aftab Ahmed em Nova Déli; Edição de YP Rajesh, Sharon Singleton, Gareth Jones e Emelia Sithole-Matarise

Secretário de Estado Britânico para Negócios e Comércio, Jonathan Reynolds, encontra-se com o Ministro Indiano do Comércio e Indústria, Piyush Goyal, para negociações comerciais, em Londres, Grã-Bretanha, 28 de abril de 2025

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