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Candidata hondurenha contesta apuração e aponta interferência externa

Líder liberal denuncia fraude eleitoral, critica atuação de Donald Trump e exige respeito à vontade popular

Rixi Moncada (Foto: Foto oficial/Partido Libre)

247 - A candidata do Partido Libre de Honduras, Rixi Moncada, anunciou que irá impugnar o resultado das eleições presidenciais realizadas no país, informa a Prensa Latina. Moncada afirmou em coletiva de imprensa, na sede de sua organização em Tegucigalpa, que o bipartidarismo tradicional teria manipulado o processo de apuração para favorecer seus adversários. Ela reforçou que não aceitará o desfecho apresentado até o momento pelos resultados preliminares.

Moncada acusou diretamente o sistema tradicional de ter operado uma engenharia para adulterar a contagem. “As eleições não estão perdidas, o sistema bipartidário impôs seu esquema eleitoral sobre nós adulterando o TREP (sistema de transmissão de resultados preliminares) e a biometria”, declarou. A candidata acrescentou que, a esse cenário, soma-se “a interferência imperial estrangeira direta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que poucas horas antes das eleições anunciou o perdão absoluto do narcotraficante Juan Orlando Hernández”.

Ao mencionar Hernández, ex-presidente hondurenho entre 2014 e 2022, Moncada foi categórica ao destacar a gravidade dos crimes atribuídos ao ex-governante. “Um chefão do narcotráfico, condenado por si próprio como principal conspirador que organizou um cartel para traficar drogas para os Estados Unidos, mais de 400 toneladas de cocaína”, enfatizou.

A candidata também criticou o apoio público do presidente dos Estados Unidos a Nasry Asfura, do Partido Nacional, e classificou como intimidação a ameaça de suspensão da ajuda econômica ao país caso o resultado das urnas favorecesse sua candidatura. Para Moncada, tal postura configura coerção direta sobre o eleitorado hondurenho. “Trump condenou minha participação (nas eleições), mas manterei minhas posições e não desistirei, estarei sempre ao lado do povo com meus firmes valores na defesa da minha pátria livre e dos princípios da não interferência e da soberania popular; a independência e a autodeterminação dos povos”, declarou.

Apesar de aparecer em terceiro lugar na apuração parcial — atrás de Asfura e do também direitista Salvador Nasralla —, Moncada reforçou que não abandonará sua agenda política. Ela reiterou seu compromisso de impulsionar mudanças estruturais no país. Disse manter a proposta de “democratizar a economia em prol da justiça social” e reagiu às críticas de Trump. “E se por esses motivos você me chama de comunista, usando essa tática ultrapassada da Guerra Fria, sei que o povo hondurenho que me conhece sempre ficará indignado com a sua interferência”, afirmou.

A candidata denunciou ainda a existência de votos fraudados e voltou a responsabilizar o sistema bipartidário pelas irregularidades observadas. Segundo ela, a equipe técnica de sua campanha identificou elementos que comprovariam esse mecanismo. “Segundo a análise técnica da nossa equipe, identificamos algumas áreas claras da armadilha que está sendo preparada e pela qual o sistema bipartidário é responsável”, destacou.

Moncada disse que o partido Libre não aceitará nenhum dos dois nomes apoiados pela oligarquia e cobrou que o veredito final das urnas seja respeitado. Ela exigiu que as autoridades eleitorais cumpram o prazo legal de 30 dias para a declaração oficial dos resultados, preservando a expressão popular manifestada no pleito.

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