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CIA utilizou drone em ataque contra território venezuelano

Operação sem vítimas mirou instalação portuária supostamente usada pelo narcotráfico

Nicolás Maduro, Donald Trump, navio anfíbio USS Iwo Jima navegando no mar do Caribe e o mapa da América do Sul ao fundo (Foto: Divulgação I Logan Goins/Marinha dos Estados Unidos)

247 - No início deste mês, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) conduziu um ataque com drone contra uma instalação portuária localizada na costa da Venezuela. A ação representou a primeira ofensiva conhecida dos EUA contra um alvo em solo venezuelano e teve como objetivo um cais remoto que, segundo avaliações do governo estadunidense, estaria sendo utilizado por redes criminosas para o tráfico internacional de drogas. De acordo com os relatos ouvidos pela CNN, não havia pessoas no local no momento do ataque, o que evitou vítimas. A estrutura atingida teria sido usada para armazenar drogas e transferi-las para embarcações destinadas ao transporte marítimo.

Alvo era cais supostamente associado ao narcotráfico

Segundo fontes ouvidas pela emissora, o cais era vinculado a atividades da organização criminosa venezuelana Tren de Aragua. A ofensiva destruiu tanto a infraestrutura portuária quanto embarcações associadas à operação ilegal. Ainda assim, uma das fontes classificou o ataque como majoritariamente simbólico, por se tratar de apenas uma entre várias instalações supostamente utilizadas por traficantes que operam a partir da Venezuela.

Duas fontes indicaram que as Forças de Operações Especiais dos Estados Unidos teriam fornecido apoio de inteligência à missão. A informação, no entanto, foi negada oficialmente. A coronel Allie Weiskopf, porta-voz do Comando de Operações Especiais dos EUA, afirmou que “as Forças de Operações Especiais não apoiaram esta operação, incluindo o fornecimento de informações de inteligência.”

Donald Trump reconhece ofensiva

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu publicamente o ataque pela primeira vez em entrevista concedida em 26 de dezembro, ao comentar a campanha de seu governo contra o narcotráfico associado à Venezuela. “Atacamos uma espécie de grande instalação de onde chegam os navios”, declarou.

Questionado novamente dias depois, Trump foi mais direto ao descrever o alvo. “Atacamos a área do cais onde os navios são carregados com drogas”, afirmou. Indagado se a ação havia sido conduzida pelos militares ou pela CIA, ele se recusou a responder. “Então, atacamos todos os barcos e agora atacamos a área. É a área de implementação, é onde eles implementam, e isso não existe mais”, disse.

Escalada militar dos EUA no Caribe

O ataque ocorre em um contexto de ampliação significativa da presença militar dos Estados Unidos no Caribe. Nos últimos meses, Washington promoveu ações que resultaram na destruição de mais de 30 embarcações no Mar do Caribe e no leste do Oceano Pacífico, além de ordenar o bloqueio de petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela.

Até então, as ações conhecidas dos EUA contra alvos venezuelanos se limitavam a operações em águas internacionais. O ataque conduzido pela CIA marca, portanto, uma mudança relevante nessa estratégia.

Autoridades estadunidenses têm afirmado que a campanha segue uma lógica semelhante à adotada durante a chamada guerra global contra o terror. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, fez uma comparação direta entre traficantes e grupos extremistas. “Esses narcoterroristas são a Al-Qaeda do nosso hemisfério”, declarou no Fórum Nacional de Defesa Reagan. “E estamos caçando-os com a mesma sofisticação e precisão com que caçamos a Al-Qaeda.”

A CIA se recusou a comentar oficialmente a operação. A reportagem também solicitou posicionamentos da Casa Branca, do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos e dos ministérios das Comunicações e das Relações Exteriores da Venezuela.

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