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Colômbia ingressa no banco dos Brics e dá passo inédito em direção à ordem multipolar

No anúncio oficial, a presidente do NBD, Dilma Rousseff, deu as boas-vindas ao novo membro e destacou o caráter estratégico da decisão colombiana

Dilma Rousseff e Gustavo Petro (Foto: Reprodução/@infopresidencia)

247 - A Colômbia formalizou sua entrada no Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), instituição financeira do bloco Brics, em um movimento descrito por analistas como um dos gestos geopolíticos mais significativos do país nas últimas décadas. A decisão, impulsionada pelo governo do presidente Gustavo Petro, foi revelada em publicações divulgadas pelo próprio governo e por análises repercutidas inicialmente pela imprensa internacional. Segundo essas fontes, a adesão marca a primeira participação efetiva da Colômbia na estrutura financeira de uma ordem multipolar em consolidação.

No anúncio oficial, a presidente do NBD, Dilma Rousseff, deu as boas-vindas ao novo membro e destacou o caráter estratégico da decisão colombiana. Embora a Colômbia ainda não seja integrante formal do Brics — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — sua entrada no banco do bloco aproxima o país de decisões e investimentos de grande porte, abrindo espaço para futuras cooperações e até para um convite de adesão plena caso haja alinhamento político e maturação de projetos conjuntos.

O governo colombiano justificou a adesão como parte de uma estratégia voltada à diversificação de fontes de financiamento para infraestrutura, transição energética, inovação produtiva e modernização do Estado. O presidente Gustavo Petro tem defendido publicamente a necessidade de reduzir a dependência histórica do país em relação ao eixo tradicional de crédito, baseado no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial. Ao ingressar no NBD, a Colômbia busca alternativas de recursos com taxas mais competitivas, maior flexibilidade e foco em projetos estruturantes de longo prazo.

Especialistas consultados pelo governo e por veículos locais apontam que o ingresso no NBD permite à Colômbia acompanhar de perto a dinâmica financeira do bloco e participar de uma rede de investimentos que, nos últimos anos, tem ampliado sua influência global. Fundado em 2014, o banco já financiou obras de mobilidade, energia limpa, saneamento e tecnologia em diferentes continentes, com operações voltadas à redução de vulnerabilidades econômicas e estímulo ao desenvolvimento sustentável.

Internamente, o gesto tem forte peso simbólico. Desde o fim da Guerra Fria, a Colômbia manteve alinhamento prioritário com os Estados Unidos em questões de segurança, comércio e financiamento. A entrada no NBD representa, portanto, um reposicionamento diante das transformações que moldam a política internacional recente, marcada pela ascensão de novos polos de poder e pela busca de alternativas às instituições multilaterais tradicionais.

Lideranças do governo Petro avaliam que a decisão pode render frutos concretos já nos próximos meses, com o desenho de projetos conjuntos para infraestrutura ferroviária, ampliação da matriz renovável e desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis. O NBD, por sua vez, vê na Colômbia uma parceira estratégica na região andina e um potencial hub para a expansão de sua atuação na América Latina.

Apesar de ainda não significar a entrada oficial da Colômbia no Brics, a adesão ao seu banco é interpretada por diplomatas como um passo inicial em direção ao núcleo decisório do bloco. Caso os próximos anos demonstrem alinhamento político, estabilidade institucional e compromisso com projetos estruturantes, um convite formal pode ser colocado em discussão.

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