Confederação Indígena do Equador considera eleição presidencial ilegítima e denuncia concentração de poder político e econômico
Conaie acusa Daniel Noboa de violar a Constituição e alerta para o risco de colapso da democracia no país
247 - A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) classificou como "ilegítimo" o segundo turno das eleições presidenciais realizado no último domingo (13). A denúncia foi feita por meio de comunicado divulgado na terça-feira (15) nas redes sociais da organização, informa a Telesur.
De acordo com a entidade indígena, o presidente Daniel Noboa violou a Constituição equatoriana ao não solicitar licença para disputar o pleito enquanto ocupava a presidência da República, conforme previsto na legislação do país.
A organização ainda acusou o presidente de recorrer a práticas clientelistas ao distribuir benefícios sociais com fins eleitoreiros. “O presidente também recorreu ao clientelismo ao distribuir bônus e esmolas usando recursos estatais”, denunciou.
Outro ponto levantado foi o uso indevido da imagem institucional do governo na campanha eleitoral. Segundo a Conaie, Noboa contou com “uma campanha multimilionária apoiada pela mídia e plataformas governamentais” e ainda teria manipulado a identidade visual do Estado ao utilizar as cores de seu movimento político, o ADN, para se promover.
A Conaie alertou que a situação política do país caminha para um agravamento: “Uma rápida deterioração até mesmo das condições democráticas mais básicas está iminente, com o poder político e econômico concentrado em uma única família”, diz a nota, numa referência ao grupo Noboa, uma das famílias empresariais mais influentes do Equador.
A crítica da entidade ocorre em meio à rejeição dos resultados eleitorais por parte da candidata derrotada, Luisa González, do movimento Revolução Cidadã (RC). Ela denunciou fraude e declarou que não reconhece a vitória de Daniel Noboa, proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Além das críticas internas, observadores internacionais também manifestaram preocupação com a condução do processo eleitoral no país. Representantes do Parlamento do Mercosul (Parlasul) questionaram a legalidade da decisão de Noboa de decretar estado de emergência em sete províncias apenas 48 horas antes do segundo turno.
Para os parlamentares, essa medida pode ter influenciado negativamente a liberdade do processo democrático, favorecendo o candidato que já ocupava o poder. Também foi registrada a atuação de campanhas de desinformação nas redes sociais, com possível financiamento externo.
A Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina e do Caribe (COPPPAL), por meio de seu Observatório Eleitoral, pediu um acompanhamento rigoroso do uso de recursos públicos nas campanhas, defendendo maior transparência nas eleições equatorianas.
Diante do cenário de instabilidade, cresce a pressão interna e externa por uma apuração rigorosa das denúncias. A legitimidade do novo governo de Daniel Noboa, cuja eleição agora é colocada sob suspeita por diversos setores, incluindo a principal organização indígena do país, pode enfrentar uma crise institucional prolongada.
A Conaie, historicamente protagonista das lutas sociais no Equador, promete manter a mobilização popular e articulações com outros setores da sociedade civil para resistir ao que considera uma ameaça ao regime democrático.
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