Cuba alerta para “ataque ilegítimo” dos EUA e pede reação global ao fechamento do espaço aéreo da Venezuela
Chanceler Bruno Rodríguez denuncia ameaça grave ao direito internacional após decisão do presidente Donald Trump
247 – Cuba apelou à comunidade internacional para que denuncie o que considera o início de um “ataque ilegítimo” dos Estados Unidos contra a Venezuela, após o presidente norte-americano Donald Trump, atual presidente dos EUA, anunciar o fechamento do espaço aéreo venezuelano. A denúncia foi feita pelo ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, no sábado (29), em publicação na rede social X. A informação foi divulgada originalmente pelo RT Brasil.
Segundo Rodríguez, “isso constitui uma ameaça gravíssima ao direito internacional e uma escalada da agressão militar e da guerra psicológica contra o povo e o governo venezuelanos, com consequências incalculáveis e imprevisíveis para a paz, a segurança e a estabilidade na América Latina e no Caribe”. O chanceler pediu que “os povos do mundo denunciem o prelúdio de um ataque ilegítimo”, conclamando governos e organismos internacionais a reagirem imediatamente.
Pressão de Trump aumenta tensão regional
As declarações da chancelaria cubana vieram após Trump publicar um alerta direcionado a “todas as companhias aéreas, pilotos, narcotraficantes e traficantes de pessoas”, instruindo-os a “considerarem o espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela como completamente fechado”.
Dois dias antes, na quinta-feira (27), Trump já havia anunciado que “em breve” estenderia para terra as supostas operações antinarcóticos conduzidas pelos EUA e que têm a Venezuela como alvo principal.
Venezuela reage e exige respeito à soberania
Em resposta direta às ameaças dos EUA, o governo venezuelano afirmou que exigirá “respeito irrestrito ao seu espaço aéreo”.
Em comunicado divulgado pelo chanceler Yvan Gil Pinto, Caracas ressaltou que “não aceitará ordens, ameaças ou interferências de qualquer potência estrangeira”.
A nota oficial ainda enfatiza: “Nenhuma autoridade externa às instituições venezuelanas tem o poder de interferir, bloquear ou condicionar o uso do espaço aéreo nacional”.
Maduro denuncia ameaça de invasão e retorno da Doutrina Monroe
No início de novembro, o presidente venezuelano Nicolás Maduro advertiu para a presença militar norte-americana no Caribe — que classificou como a maior em décadas — e a descreveu como “uma ameaça de invasão”. O mandatário reiterou que o objetivo final dos EUA é se apropriar dos vastos recursos naturais venezuelanos.
Maduro afirmou que a juventude deve defender o princípio de que “a república deve ser livre e independente para sempre” e alertou para o “ressurgimento” da Doutrina Monroe, que, segundo ele, busca impor “mudanças de regime” na região.
Sobre a movimentação militar dos EUA no Caribe, Maduro apontou que ela envolve “porta-aviões de última geração, destróieres de mísseis e submarinos nucleares”, tudo sob o falso pretexto de expressões como “segurança” ou “combate ao narcotráfico”.
Ele contrapôs a ofensiva dos EUA com a “Doutrina Bolivariana em defesa da independência, unidade e emancipação de nossos povos”, e instou líderes latino-americanos a se posicionarem pela “cessação imediata dos ataques e ameaças militares”.
Caracas denuncia “pretexto” do combate ao narcotráfico
Diante das acusações de Washington, autoridades venezuelanas argumentam que se trata de uma campanha de agressão baseada em falsas narrativas. Maduro afirmou que a estratégia norte-americana visa manchar a imagem da Venezuela e justificar ações hostis, algo que “já fizeram muitas vezes”.
O presidente reiterou que as agressões dos EUA têm como finalidade “mudar o regime” e controlar a “imensa riqueza petrolífera” do país.
Escalada militar e bombardeios controversos
A crise se aprofundou após os EUA enviarem navios de guerra, caças, tropas e até um submarino para a costa venezuelana em agosto, sob o argumento de combater o narcotráfico. Desde então, diversos bombardeios contra supostas embarcações com drogas no Caribe e no Pacífico foram registrados, resultando em dezenas de mortes.
Sem apresentar provas, Washington acusou Maduro de chefiar um suposto cartel de drogas — alegação também dirigida ao presidente colombiano Gustavo Petro, que repudiou os ataques realizados na região.
Em outubro, Trump admitiu ter autorizado a CIA a executar operações secretas em território venezuelano. Maduro reagiu com ironia: “Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?”
ONU e países da região condenam bombardeios
O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios norte-americanos contra pequenas embarcações, classificados como execuções extrajudiciais, que deixaram mais de 60 mortos.
Governos de Colômbia, México e Brasil, além de especialistas independentes da ONU, também criticaram duramente as ações, apontando violações flagrantes do direito internacional.
As pressões e ataques de Washington foram descritos por Caracas como parte de uma campanha agressiva, cujas verdadeiras motivações permanecem em questão.



