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Cuba reforça combate ao narcotráfico e adverte sobre avanço militar dos EUA no Caribe

Em coletiva de imprensa, autoridades reafirmam política de tolerância zero às drogas e denunciam que ações dos EUA representam risco à soberania cubana

Oscar Silveira Martinez, ministro da Justiça de Cuba (Foto: Granma)

247 - Cuba voltou a reafirmar seu compromisso no enfrentamento ao narcotráfico e alertou para as consequências da crescente presença militar dos Estados Unidos no Caribe. As declarações foram feitas por autoridades dos Ministérios do Interior e da Justiça durante coletiva realizada nesta quinta-feira (4), segundo divulgou Telesur.

O governo cubano rejeitou qualquer vínculo com redes de tráfico e reiterou que a ilha “não é um país produtor de drogas nem um país de trânsito”, mantendo uma “política de tolerância zero” frente ao fenômeno. O posicionamento ocorre em um momento marcado por maior pressão militar de Washington na região, sob o argumento da guerra contra as drogas.

O coronel Juan Carlos Poey, chefe da Unidade Especializada Antidrogas do Ministério do Interior, classificou o movimento militar norte-americano como um risco direto à estabilidade regional. Ele afirmou que o destacamento dos EUA no Caribe “é entendido em Havana como uma séria ameaça à segurança e à soberania” de Cuba. Poey enfatizou ainda que as substâncias sintéticas que chegam ao país “vêm principalmente dos Estados Unidos”.

O oficial detalhou que, “entre 2024 e 2025, foram detectadas 72 operações originárias de 11 fontes diferentes”, o que levou as autoridades a fortalecer métodos de vigilância, tecnologia e equipes especializadas. 

O primeiro coronel Ybey Carballo, chefe do Estado-Maior das Tropas de Guarda  das fronteiras, destacou a cooperação técnica mantida com autoridades dos Estados Unidos. Segundo ele, Cuba “intercambia informação de inteligência com autoridades homólogas dos EUA, incluindo dados sobre embarcações suspeitas”. 

O ministro da Justiça, Oscar Silvera, presidente da Comissão Nacional de Drogas, reforçou o caráter preventivo da política cubana, cujo objetivo é impedir que o país se transforme em rota ou produtor de entorpecentes. Ele admitiu, entretanto, um crescimento do consumo interno, especialmente entre jovens, o que tem levado o governo a intensificar ações de segurança e justiça.

As autoridades também destacaram que continua em vigor, desde 2016, o acordo bilateral de cooperação antidrogas entre Havana e Washington, mesmo em meio a tensões diplomáticas persistentes. Ao reiterar seu compromisso no combate ao tráfico, Cuba advertiu sobre os riscos de militarizar o enfrentamento ao narcotráfico em uma região historicamente afetada por ingerências externas, reforçando seu posicionamento de defesa da soberania nacional.

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