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Debate final de campanha eleitoral chilena tem embates duros entre candidatos à presidência

Último encontro televisivo antes do segundo turno expõe divergências sobre imigração, segurança e direitos humanos

Jeanette Jara e José Antonio Kast no último debate antes do segundo turno presidencial do Chine (Foto: Prensa Latina )

247 - A reta final da disputa presidencial chilena foi marcada por um debate tenso e prolongado, que se estendeu por mais de duas horas e meia até quase a meia-noite desta terça-feira (9).

O encontro, realizado pela Associação Nacional de Televisão (Anatel), reuniu os dois candidatos que disputarão o segundo turno no domingo (14) e evidenciou profundas diferenças sobre temas centrais da campanha.

De acordo com a Prensa Latina, logo no início, o embate cresceu em intensidade a ponto de um dos moderadores intervir afirmando: “Vou tentar pôr ordem na situação”. Outro apresentador lembrou aos candidatos o impacto do debate sobre o público jovem, destacando a necessidade de que fossem exemplos na vida política.

O tema da imigração, utilizado amplamente na campanha, foi um dos momentos de maior confronto. O candidato da extrema-direita José Antonio Kast reiterou sua proposta de expulsar 330 mil imigrantes em situação irregular. “Estamos dizendo a eles que têm 92 dias para deixar o país”, declarou. Já Jeanette Jara, candidata das forças progressistas,  defendeu um processo de registro para identificar os migrantes e afirmou que aqueles que se recusarem a cumprir esse procedimento serão expulsos.

A discussão sobre possíveis indultos a violadores de direitos humanos também dominou o debate. Questionado sobre declarações prévias de integrantes de sua coalizão favoráveis à libertação de presos com mais de 70 anos ou doenças terminais, Kast afirmou que não apoiaria o perdão a condenados por abuso sexual de menores, mas deixou aberta a possibilidade de beneficiar pessoas condenadas por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura militar (1973–1990). Jara classificou como “inaceitável” a libertação de indivíduos responsáveis por crimes atrozes e garantiu que faria cumprir integralmente as sentenças.

A formação política de cada candidato também foi tema de confronto. Jara, integrante do Partido Comunista, representa uma ampla coligação de forças de esquerda, progressistas, social-democratas e democratas-cristãos. Kast concorre pelo Partido Republicano, de extrema-direita, em aliança com o Partido Social Cristão, contando ainda com o apoio da coalizão Chile Vamos e do Partido Nacional Libertário, alinhado às teses de Javier Milei. Ambos disseram que renunciariam às suas siglas caso fossem eleitos. Segundo Jara, “o presidente do Chile deve estar acima dos partidos políticos”. Kast afirmou que já deixou o Partido Republicano no passado para representar “todo o Chile”.

A política trabalhista também gerou divergências. Questionado sobre a redução da jornada de trabalho para 40 horas, aprovada quando Jara comandava o Ministério do Trabalho, Kast disse que não pretende alterar a lei — apesar de ter sugerido anteriormente que poderia revisá-la.

Nos minutos finais, Kast voltou ao principal eixo de sua campanha, defendendo mais rigor para “passar da desordem para a ordem”. Jara afirmou que a discussão revelou “duas visões diferentes para o país” e reforçou que o Chile precisa crescer, mas que esse crescimento deve alcançar todos os cidadãos.

A poucos dias da votação, o debate mostrou que as diferenças entre os dois candidatos seguem profundas, sinalizando uma disputa acirrada pela presidência chilena.

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