Lula cita "muita preocupação" e diz que procurará Trump para evitar guerra na Venezuela
Presidente defende solução diplomática, afirma que América do Sul deve permanecer como zona de paz e diz que Brasil pode mediar diálogo
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (18) que pretende intensificar o diálogo com líderes internacionais para evitar um conflito armado na Venezuela. Segundo ele, o Brasil atua para preservar a América do Sul como uma região de paz e busca uma saída diplomática para as tensões envolvendo o país vizinho.
As declarações foram feitas durante entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto. Lula relatou que conversou longamente com o presidente venezuelano Nicolás Maduro e, em seguida, manteve contato com Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, para expressar a preocupação do governo brasileiro com o risco de uma escalada militar. “Com relação à Venezuela, conversei com Maduro por quase 40 minutos. Depois conversei com o presidente Trump”, afirmou.
De acordo com Lula, a posição do Brasil é clara no sentido de rejeitar qualquer solução baseada no uso da força. “Disse para o Trump da preocupação do Brasil com a Venezuela porque isso aqui é uma zona de paz, não de guerra. Disse que as coisas não se resolveriam dando tiro. Que era melhor sentar em volta de uma mesa para a gente encontrar uma solução”, declarou.
O presidente questionou a ausência de justificativas explícitas para um eventual confronto. “Nunca ninguém diz concretamente porque é preciso fazer essa guerra. Não sei se o interesse é só o petróleo da Venezuela, se são os minerais críticos, as terras raras. Ninguém coloca na mesa o que quer”, afirmou, ao defender transparência e negociação como caminhos para reduzir tensões.
Lula também relatou ter dialogado diretamente com o governo venezuelano sobre o papel do Brasil. “Falei com o presidente Maduro que se ele quisesse que o Brasil ajudasse em alguma coisa ele tinha que dizer o que quer que a gente fizesse”, disse. Segundo o presidente, o país está disposto a atuar como facilitador do diálogo, caso haja concordância das partes envolvidas.
Na conversa com Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, Lula afirmou ter colocado o Brasil à disposição para contribuir com uma saída negociada. “Disse ao Trump: ‘se você achar que o Brasil pode contribuir, temos todo o interesse de conversar com a Venezuela, com vocês e com outros países para que a gente evite um confronto armado aqui na América Latina e na América do Sul’”, relatou.
O presidente destacou que a preocupação brasileira é reforçada pela extensa fronteira comum com a Venezuela. “O Brasil tem muito apreço por isso porque temos muitos quilômetros de fronteira com a Venezuela. Não queremos uma guerra aqui no nosso continente”, afirmou. Segundo ele, o cenário é marcado por constantes ameaças e exige atenção permanente. “Todo dia tem uma ameaça. E nós estamos preocupados”, disse.
Lula ressaltou ainda a responsabilidade do Brasil no contexto regional. “O Brasil tem muita preocupação porque tem muita responsabilidade aqui na América do Sul”, afirmou. Ao projetar os próximos passos, ele indicou que deve retomar o contato com o presidente dos Estados Unidos antes do fim do ano. “Antes de chegar o Natal eu possivelmente vou tentar conversar com o presidente Trump outra vez para saber o que é possível o Brasil contribuir para que a gente tenha um acordo diplomático, e não uma guerra fratricida”, concluiu.
"Eu tive uma conversa com o Maduro para saber o que o governo Maduro estava pensando. Ele me contou de uma conversa com o Trump, me contou quais foram as coisas colocadas pelo Trump. Eu disse para ele que já tinha informação porque o Trump já tinha falado isso em uma reunião. E eu disse que aquilo que estava em jogo ali era possível negociar sem guerra. Então eu fico sempre preocupado com que está por trás. Não pode ser apenas a questão de derrubar o Maduro. Quais são os interesses que a gente ainda não sabe? (...) É importante resolver essa pendengas toda numa mesa de negociação. (...) Tem gente que, para fazer política, precisa ter um inimigo. Aqui no Brasil já teve muita gente assim".



