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Milei pode mudar lei de glaciares para ampliar entreguismo aos Estados Unidos

Proposta de flexibilização ambiental abre caminho para mineração, provoca críticas de especialistas e ocorre em meio a negociações com Washington

O presidente dos EUA, Donald Trump, recebe o presidente da Argentina, Javier Milei, na Casa Branca em Washington, DC, EUA, em 14 de outubro de 2025 (Foto: REUTERS/Jonathan Ernst)

247 – O presidente argentino Javier Milei colocou a Lei de Glaciares no centro de sua estratégia econômica e diplomática. Segundo reportagem publicada pelo teleSUR, a modificação da legislação é tratada pelo governo como condição para consolidar um acordo com os Estados Unidos, com o objetivo de transformar a mineração em um pilar econômico para a Argentina.

A notícia, cuja fonte original é El Destape e o portal No a la Mina, destaca que a iniciativa reacendeu o conflito entre a promessa de geração de empregos e crescimento e o risco de danos ambientais em regiões de extrema fragilidade.

Presidente ataca ambientalistas e chama críticas de “atitude bem primitiva”

Ao defender o projeto, Milei afirmou que a reforma permitiria gerar cerca de um milhão de empregos e criar uma base financeira robusta para novos negócios no país. No entanto, adotou um discurso agressivo contra organizações ambientais que rejeitam a proposta.

O presidente declarou literalmente: “Preferem que a gente morra de fome, mas não querem tocar em nada, com uma atitude bem primitiva”, direcionando o ataque a ambientalistas que alertam para os impactos irreversíveis da mineração próxima aos glaciares.

Projeto transfere às províncias o poder de definir áreas sensíveis

A proposta enviada ao Congresso prevê que caberá às províncias determinar o perímetro da zona periglacial — espaço onde podem ser autorizadas atividades de mineração. Essa área, somada aos glaciares, representa cerca de 1% do território argentino, mas tem importância crucial para a segurança hídrica do país.

Especialistas alertam que a alteração pode provocar redução dos caudais dos rios, diminuição do tamanho dos glaciares e degradação do permafrost, comprometendo diretamente a disponibilidade de água para consumo humano, agricultura e indústria.

Controvérsia e divisão política crescem em torno da proposta

A disputa em torno da mudança da Lei de Glaciares expõe a tensão entre a busca por expansão econômica e a necessidade de preservar áreas estratégicas para o equilíbrio ambiental. Setores políticos, empresariais e sociais se dividem entre a promessa de investimentos e empregos e a preocupação com danos permanentes aos ecossistemas.

Assinatura de acordo com os EUA aumenta pressão sobre o Congresso

Enquanto o debate avança, Argentina e Estados Unidos assinaram um acordo de comércio e investimentos, ampliando a relevância das negociações bilaterais justamente no momento em que o Congresso discute a possibilidade de enfraquecimento da proteção dos glaciares.

A convergência entre reformas internas e compromissos internacionais coloca o país diante de uma encruzilhada estratégica, na qual proteção ambiental e interesses do setor minerador se chocam como prioridades opostas.

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