Nobel da Paz argentino destaca teleSUR e critica uso político do prêmio
Adolfo Pérez Esquivel entrega reconhecimento ao canal e lamenta que María Corina Machado tenha dedicado seu Nobel ao presidente dos EUA, Donald Trump
247 - O defensor dos direitos humanos e Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, destacou o papel de teleSUR na promoção da paz, dos direitos humanos e da voz do Sul Global durante uma cerimônia realizada na quarta-feira (10) para a entrega do Memorial para la Paz y la Solidaridad entre los Pueblos de América.
O intelectual argentino ressaltou a importância do multimeio em um cenário global marcado por tentativas de impor “um pensamento único”, que, segundo ele, busca estabelecer “a dominação econômica e cultural” sobre os povos.
Durante o evento, Pérez Esquivel afirmou que teleSUR se tornou “um canal imprescindível” para compreender a conjuntura internacional, especialmente diante de disputas geopolíticas e da pressão de narrativas hegemônicas. Ele elogiou o caráter crítico e a independência editorial do veículo. Segundo o argentino, teleSUR expressa “uma rebeldia da consciência”, que se manifesta todos os dias, “porque transmite o parecer, sem dogmatismo, tratando de encontrar os caminhos de liberação dos povos”.
Ao entregar o reconhecimento ao canal, o Nobel de 1980 desejou “força” e “esperança” aos profissionais da emissora. Para ele, “isto é um reconhecimento pela paz e pela unidade dos povos do mundo”.
Em outro momento, Pérez Esquivel comentou o recente Nobel concedido a María Corina Machado, representante da extrema direita venezuelana. O intelectual lamentou a escolha da premiada e criticou o fato de ela ter dedicado o reconhecimento ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Para mim, o Prêmio Nobel não é algo que alguém espera receber. O Nobel é uma ferramenta a serviço dos povos, e eu o dedico aos povos da América Latina”, afirmou.
Ele também condenou declarações da opositora venezuelana pedindo que Washington invadisse a Venezuela, advertindo que esse cenário colocaria toda a região sob ameaça. “Mas eu digo que um ataque à Venezuela é um ataque a todos os povos latino-americanos e é uma ofensa mundial, então temos que ter muita força para enfrentar essa situação tão difícil no mundo, mas também temos a esperança de que outro mundo é possível e que temos que lutar para que esse mundo seja possível”, disse.
Ao comentar o envio de navios militares dos Estados Unidos ao mar do Caribe, o ativista alertou para uma “luta muito dura” em curso no continente. Ele afirmou que o presidente norte-americano mantém armamentos voltados não apenas contra a Venezuela, mas também contra Cuba há mais de seis décadas.
Pérez Esquivel acrescentou que tanto os Estados Unidos quanto Israel “estão destruindo o direito internacional” e ignorando protocolos da ONU. Ele lembrou que ambos bombardearam o Irã, país que, segundo ele, “não é beligerante”, apesar das divergências políticas. “Eles não querem que você tenha armas nucleares, mas continuam alimentando seus próprios armamentos nucleares para dominar a vida dos povos”, destacou.
O Nobel advertiu ainda que, se essa política continuar, “não vai ficar nenhum ser vivo no planeta”, defendendo a urgência de conter tais ações em defesa da paz global.



