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Partido governista de Honduras pressiona por recontagem de votos

Ex-presidente Manuel Zelaya convoca mobilização pacífica para exigir transparência do órgão eleitoral hondurenho após denúncias de fraude na apuração

"Estamos em um estado de sítio, as pessoas nas ruas, há mortos, assassinados e o Departamento de Estado dos Estados Unidos não se pronuncia. Penso que eles endossam a fraude", diz Manuel Zelaya, alvo de um golpe em 2009, que abriu a nova onde de intervenções norte-americanas na América Latina (Foto: Leonardo Attuch)

247 - O Partido Liberdade e Refundação (Libre), força política no governo de Honduras, intensificou a pressão sobre o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ao exigir a recontagem integral das atas das eleições presidenciais realizadas há duas semanas. A mobilização foi convocada pelo ex-presidente hondurenho e coordenador-geral do partido, Manuel Zelaya, que chamou militantes e simpatizantes a se reunirem em frente ao centro de logística do órgão eleitoral, em Tegucigalpa.

A informação foi divulgada pela agência Prensa Latina, que relatou o apelo feito por Zelaya por meio de sua conta na rede social X. Segundo ele, o objetivo dos protestos pacíficos é forçar o CNE a recontar as 19.167 atas de apuração referentes à disputa presidencial, diante de numerosas irregularidades registradas durante o processo eleitoral.

De acordo com o ex-presidente, a autoridade eleitoral tem responsabilidade institucional de tratar as impugnações de forma transparente e aprová-las imediatamente. Zelaya denunciou que os documentos teriam sido alterados pelo Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares (TREP), o que, em sua avaliação, compromete a lisura da apuração.

Além da eleição presidencial, a mobilização também busca apoiar a reeleição do prefeito da capital, Jorge Aldana. Segundo Zelaya, o Partido Nacional, de direita, estaria tentando fraudar a vitória do atual prefeito de Tegucigalpa. Para o Libre, a pressão popular é uma estratégia para garantir a abertura de todas as urnas e a realização de uma recontagem completa.

Zelaya defendeu que o processo seja conduzido de forma integral, com a revisão detalhada de cada voto. Para ele, apenas uma apuração minuciosa poderá assegurar o respeito à vontade popular expressa nas urnas. O ex-presidente também rejeitou qualquer tentativa de imposição ou manobra política destinada a alterar o resultado das eleições.

No mesmo contexto, Zelaya questionou a interferência dos Estados Unidos no processo eleitoral hondurenho, responsabilizando o país por um golpe eleitoral. Ele afirmou que o partido e sua base social permanecerão mobilizados até que seja garantido um processo transparente. “Não à interferência estrangeira que nos roubou as eleições. Não ao golpe eleitoral. Não à fraude. Ninguém se renderá”, declarou.

Em assembleia extraordinária realizada no último sábado (13), o Libre afirmou que a ata em sua posse confirma a vitória do candidato presidencial do Partido Liberal, Salvador Nasralla. O resultado apresentado pelo partido governista diverge da divulgação oficial do CNE, que aponta o candidato nacionalista Nasry Asfura como líder da contagem, aprofundando a disputa política e institucional em torno do desfecho das eleições em Honduras.

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