Candidata progressista de Honduras afirma que não reconhecerá eleições realizadas “sob coerção de Trump”
Rixi Moncada denuncia interferência dos Estados Unidos, pede anulação do pleito e convoca mobilização popular contra o que classifica como golpe eleitoral
247 – A candidata à Presidência de Honduras pelo partido governista LIBRE, Rixi Moncada, afirmou neste domingo (7) que não reconhecerá o resultado das eleições realizadas sob o que chamou de “interferência e coerção” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de setores da “oligarquia aliada”. As declarações foram divulgadas pelo portal RT Brasil, fonte original da notícia.
No pronunciamento, Moncada denunciou um ambiente eleitoral marcado por ingerência externa, intimidações digitais e manipulação tecnológica, classificando o episódio como um “golpe eleitoral em curso”.
“O LIBRE, em defesa da democracia, do povo hondurenho, de nossos membros combativos e da comunidade nacional e internacional, declara: em primeiro lugar, o Libre não reconhece as eleições realizadas sob a interferência e coerção do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da oligarquia aliada, que atacaram o povo hondurenho com um golpe eleitoral em curso, após enviar milhões de mensagens por diferentes plataformas ameaçando o povo de que, se votassem em Rixi, não receberiam salários em dezembro”, afirmou.
A candidata exigiu a anulação do pleito e a convocação de novas eleições, além de mobilizações nacionais para rejeitar o que descreve como fraude sistêmica. Segundo Moncada, a crise instaurada compromete a legitimidade do futuro governo e ameaça a estabilidade institucional do país.
Acusações de manipulação tecnológica e contestação ao TREP
Moncada também denunciou que o sistema de transmissão de resultados preliminares (TREP) foi adulterado. Ela afirmou que o código-fonte do sistema foi manipulado, revelação que teria sido exposta durante a sessão plenária do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em 6 de dezembro.
A candidata anunciou ainda uma assembleia extraordinária para sábado (13), além de protestos em todo o território hondurenho. Segundo ela, as irregularidades colocam em xeque toda a estrutura eleitoral: “O sistema de transmissão dos resultados eleitorais preliminares (TREP) foi manipulado em seu código-fonte”, denunciou.
Moncada também criticou o indulto concedido pelos EUA ao ex-presidente hondurenho José Orlando Hernández, afirmando que devem ser apresentados processos fiscais e emitida ordem de captura internacional “por seus crimes contra o território (Zonas de Emprego e Desenvolvimento Econômico) e pela violação da Constituição com a reeleição ilegal”.
O partido LIBRE reiterou ainda que rejeita “a narrativa imperial do comunismo” usada como ataque contra sua candidata e desautorizou qualquer funcionário público que se coloque à disposição de uma eventual transição com “os inimigos do povo”.
Honduras mergulha em incerteza política uma semana após as eleições
Uma semana após a votação, Honduras permanece sem um resultado definitivo, alimentando impaciência e desconfiança popular. Segundo a mídia local, o CNE já acumula mais de 48 horas sem atualizar os números, situação que amplia suspeitas de fraude no processo de recontagem.
Os dados mais recentes, divulgados na sexta-feira (5) com 88% das cédulas apuradas, colocam:
- Nasry Asfura (Partido Nacional) – 40,19%
- Salvador Nasralla – 39,49%
- Rixi Moncada (LIBRE) – 19,3%
O cenário apertado intensifica a polarização e abastece novas denúncias.
Nasralla denuncia adulteração de atas e promete responsabilização
O candidato Salvador Nasralla, que aparece em segundo lugar, voltou a afirmar que está sendo vítima de fraude.
“Depois de analisar milhares de atas, verificamos que na maioria dos departamentos fomos roubados na transcrição das atas”, declarou em sua conta no X.
Hor as antes, Nasralla também afirmou que foram encontradas “milhares de atas alteradas em favor do candidato que nunca esteve em primeiro lugar nas pesquisas, nem nas boca de urna”. Ele alertou: “Aqueles que as adulteraram, preparem-se para enfrentar a Justiça a partir de 27 de janeiro de 2026”.
CNE confirma incidente grave de segurança no sistema eleitoral
Neste domingo (7), o CNE reconheceu que um incidente de segurança “grave” comprometeu a integridade do TREP. Um funcionário ligado ao conselheiro Marlon Ochoa teria recebido todas as senhas de acesso atribuídas aos partidos políticos em um momento crítico da transmissão de dados — informação divulgada pelo jornal El Heraldo.
Para a agência Reuters, um eleitor relatou sua frustração: “O número de votos contados permaneceu estático nos últimos dias. Já se passaram sete dias desde as eleições e não sabemos nada”, lamentou. Outro votante, Josué Laínez, afirmou: “Sinceramente, não confio no CNE”.
País votou sob clima de tensão e denúncias mútuas
Mais de seis milhões de hondurenhos foram convocados às urnas para eleger presidente, deputados, representantes do Parlamento Centro-Americano e autoridades municipais. A véspera do pleito já era marcada por troca de acusações entre governo e oposição.
O Executivo denunciou uma suposta conspiração da oposição para deslegitimar o processo e provocar instabilidade. A oposição, por sua vez, acusou o governo de preparar manipulações para evitar a derrota de sua candidata.


