Rixi Moncada denuncia manobra para distorcer eleições em Honduras
Candidata do Libre afirma que interferência externa ameaça transparência do pleito hondurenho
247 - A candidata presidencial hondurenha Rixi Moncada acusou que há uma operação em andamento para distorcer o processo eleitoral no país. As declarações foram feitas durante entrevista à rede Telesur.
Moncada afirmou que a fraude integra um esquema articulado para preservar um modelo oligárquico e narcopolítico, reforçado por interesses externos. A representante do partido de esquerda Liberdade e Refundação (Libre) disse repudiar a intervenção direta no processo eleitoral por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que declarou apoio explícito ao candidato do Partido Nacional, Nasry Asfura.
Moncada criticou de forma contundente a postura de Trump, ao qual atribui ingerência sem precedentes. Ela relatou que o presidente norte-americano ameaçou cortar a ajuda econômica a Honduras caso os eleitores não votassem em Asfura. “Espero que a missão de observação da OEA se manifeste sobre essa interferência direta. Seria um erro não o fazerem, pois estariam, mais uma vez, desrespeitando a Carta Democrática”, declarou.
A candidata também destacou que enfrentou não apenas os adversários da oligarquia, referindo-se ao Partido Nacional e ao Partido Liberal, mas igualmente a intervenção aberta do governo dos Estados Unidos. Ela reiterou que não aceitará contagens de votos que não possam ser verificadas e afirmou que utilizará todos os mecanismos técnicos, legais e políticos para assegurar a transparência antes da divulgação oficial dos resultados.
Moncada apontou ainda que três mensagens divulgadas pelo presidente americano em plataformas digitais, 72 horas antes da votação, atacaram diretamente sua candidatura. “(Trump) disse para não votar na candidata Moncada, que ela não conseguiria trabalhar comigo, que ela era comunista. É uma intervenção brutal e direta, que viola protocolos e leis internacionais”, afirmou.
A candidata também criticou o indulto concedido por Trump ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, condenado nos Estados Unidos a 45 anos de prisão por tráfico de drogas. Para ela, o gesto compõe um cenário de pressão política. “Jamais imaginei um mecanismo de interferência dessa magnitude”, enfatizou, ao denunciar o envio massivo de mensagens a celulares de hondurenhos afirmando que, caso fosse eleita, as remessas do mês de dezembro não seriam entregues aos destinatários. “Honduras tem aproximadamente 2,5 milhões de pessoas que recebem remessas dos Estados Unidos. É extorsão, chantagem, um mecanismo de interferência que, na minha opinião, é uma plataforma que estão testando em nosso país para ver quais resultados obtém”, disse.
Por fim, Moncada reafirmou sua oposição ao atual sistema de transmissão de resultados, que classificou como “um sistema fraudulento e falho que contém mecanismos internos que não permitem uma eleição transparente, livre e democrática”.



