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Protestos se intensificam em Honduras em meio a impasse sobre resultado eleitoral

Comissão do Congresso ameaça rejeitar contagem oficial e crise política se agrava no país

Apoiadores do governo protestam em frente às instalações do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), (Foto: Reuters)

247 - A crise eleitoral em Honduras ganhou novos contornos nesta quarta-feira (10), com a ampliação dos protestos nas ruas de Tegucigalpa e o aumento da pressão sobre o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A disputa pela apuração dos votos da eleição presidencial de 30 de novembro segue dominando o debate político nacional, marcada por denúncias de fraude e forte polarização.Reportagem da Reuters relata a escalada da tensão após integrantes de uma comissão do Congresso afirmarem que podem recusar a validação do resultado. Segundo a agência, os parlamentares sustentam que há um “golpe eleitoral” em andamento e acusam a interferência do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A declaração da comissão permanente do Congresso, divulgada na quarta-feira (10), ampliou o clima de incerteza sobre o desfecho da eleição, que ainda não teve confirmação oficial. Para que o resultado seja validado, ao menos dois dos três membros do CNE precisam concordar com os números finais, algo que permanece indefinido após 11 dias de contagem.

Denunciamos veementemente a existência de um golpe eleitoral em curso”, afirmou o grupo em comunicado. Os parlamentares também declararam: “Condenamos veementemente a interferência do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump”.Apesar do posicionamento do Congresso, analistas consideram limitado o poder de intervenção dos parlamentares no processo. Para o advogado e analista político Henry Salinas, com atuação em Tegucigalpa, a atuação legislativa só teria impacto caso o CNE não valide os resultados até 30 de dezembro. “A decisão está nas mãos do Conselho Nacional Eleitoral”, disse.

A disputa eleitoral segue indefinida em meio a atualizações fragmentadas da contagem. Com mais de 99% das urnas contabilizadas, o direitista Nasry Asfura, do Partido Nacional, mantém vantagem de cerca de 40 mil votos sobre Salvador Nasralla, do Partido Liberal. A candidata do LIBRE, Rixi Moncada, aparece em terceiro lugar, bem distante dos dois primeiros colocados.

Entretanto, inconsistências registradas em aproximadamente 15% das atas exigem revisão detalhada, o que pode alterar o resultado final. Esse quadro alimenta suspeitas e tensões políticas, especialmente após a presidente Xiomara Castro, do LIBRE, denunciar o que chamou de “golpe eleitoral”.

Na quarta-feira, centenas de manifestantes vestindo vermelho, cor que simboliza o partido da presidente, ocuparam ruas da capital para exigir a anulação da eleição e a realização de um novo pleito. 

Às vésperas da votação, Trump expressou apoio a Asfura e anunciou o perdão ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, do mesmo Partido Nacional de Asfura, que havia sido condenado nos Estados Unidos a 45 anos de prisão por tráfico de drogas e crimes relacionados a armas.

Diante do cenário de incerteza, a missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu agilidade e transparência absoluta na etapa final da apuração. “É essencial que o CNE possa realizar seu trabalho sem pressão”, afirmou a entidade em comunicado divulgado na terça-feira. A OEA também reforçou que rejeita qualquer incitação à desordem pública que possa colocar em risco as fases restantes do processo eleitoral.

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