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Semana na América Latina foi marcada por apelo de Maduro ao mundo contra a escalada militar dos EUA e risco à região

Carta enviada a líderes globais denunciou operações militares, pirataria e ameaças à ordem jurídica internacional na América Latina e no Caribe

O Presidente Maduro elogia a mobilização nacional contra as ameaças militares dos EUA (Foto: Imprensa/Assembleia Nacional)

247 - O governo da Venezuela intensificou, nos últimos dias, sua ofensiva diplomática para denunciar o que considera uma escalada de agressões militares dos Estados Unidos contra o país e contra a estabilidade regional. Em meio ao aumento das tensões, o presidente Nicolás Maduro tornou público, por meio do chanceler Iván Gil, o conteúdo de uma carta encaminhada a chefes de Estado da América Latina, do Caribe e a integrantes das Nações Unidas, relatando os acontecimentos recentes no Caribe e no Pacífico Oriental.

Na carta, Maduro descreve o deslocamento de um amplo contingente militar dos Estados Unidos na região desde 14 de agosto, incluindo um submarino nuclear, mais de uma dezena de navios de guerra e milhares de soldados, destaca reportagem da Prensa Latina.

Segundo o presidente venezuelano, trata-se de uma escalada de agressões “extremamente graves” promovidas pela Casa Branca, com potencial de desestabilizar não apenas a Venezuela, mas todo o sistema internacional. Maduro afirma que o país “não cometeu nenhum ato que justifique essa intimidação militar” e recorda 28 ataques realizados por forças norte-americanas contra embarcações civis no Caribe e no Pacífico Oriental, que teriam resultado na execução extrajudicial de 104 pessoas.

Ao comentar a justificativa apresentada por Washington, baseada no combate ao narcotráfico por meio da chamada Operação Lanza del Sur, o presidente foi categórico ao afirmar que se trata de “uma ameaça direta do uso da força”. De acordo com Maduro, essa prática viola o artigo dois, parágrafo quatro, da Carta das Nações Unidas, além de contrariar a declaração da Zona de Paz da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e o Tratado de Tlatelolco, que estabelece a região como livre de armas nucleares.

O chefe de Estado venezuelano ressaltou ainda que não são episódios isolados, mas se trata de “uma prática sistemática de uso letal da força fora de qualquer estrutura jurídica internacional, e até mesmo fora da própria estrutura constitucional dos Estados Unidos”. Para ele, a pirataria estatal configura “uma ameaça direta à ordem jurídica internacional e à segurança global”, e a omissão diante dessas ações e o desprezo pelo direito internacional “têm consequências devastadoras”.

A denúncia foi reforçada no âmbito das Nações Unidas pelo representante permanente da Venezuela, Samuel Moncada, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança convocada por Caracas. 

Em referência às declarações de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, sobre a intenção de se apropriar do petróleo, dos ativos e dos recursos naturais venezuelanos, o embaixador advertiu que “estamos em presença de um poder que atua à margem do Direito Internacional”. Segundo ele, a ambição norte-americana não se limita à Venezuela, mas tem caráter continental, conforme expresso na Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, que afirma que “el futuro del hemisferio le pertenece”, numa releitura da Doutrina Monroe, agora marcada pelo que chamou de “corolário Trump”.

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